sexta-feira, julho 16, 2010

AOS PATRÕES DA IMPRENSA

Por que os jornais locais estão mais falidos do que nunca?
Por que os leitores desapareceram de vez?
Os motivos são óbvios. Estão estampados nas manchetes diárias dos próprios jornais.

Quem não trata de notícias, serviços nem de cidadania, e muito menos planeja
coberturas, jamais vai conquistar leitores e menos ainda credibilidade.

É preciso trocar o jornalismo de nomes, pelo jornalismo de fatos.
É preciso pagar melhor - e em dia! - para ter bons profissionais, apuração e texto.
É urgente melhorar o conteúdo, a começar do emprego da palavra. Muito além do uso respeitoso da gramática, os textos devem ter técnica para que o leitor entenda a mensagem. A notícia bem contada, ilustrada e devidamente apurada. Texto objetivo para comunicar, não para complicar.

Eliminar o ctrl+C/ctrl+V dos releases. E nós bem sabemos que, não raro, os editores fazem isso por falta de profissionais na redação e na externa. Enche página, mas esvazia a qualidade e a credibilidade.

Os senhores, patrões, têm de pagar bem, pra produzir com qualidade, exigir com profissionalismo em vez de xingamentos selvagens e até criminosos. Vocês têm que gerir um jornal como um negócio, sim. E a melhor forma é dar liberdade de expressão aos seus contratados. Aí sim, cobrar com rigor o cumprimento das regras da língua portuguesa, das técnicas de jornalismo, da ética profissional, e da lei acima de tudo.

Lembre-se que escrever para imprensa é como dirigir. É preciso ter habilitação (não no sentido formal. Me refiro a responsabilidade).

Um texto desgovernado pode provocar tragédias!

Uma edição mal feita complica as vendas.

Os senhores, patrões, devem dar o exemplo fazendo o certo: cumprindo a lei trabalhista. E por favor não entendam o recado como abertura de front para combate. Não, o que se quer é que, com essas medidas, os senhores melhorem a qualidade do produto final e lucrem mais.

Os senhores, patrões, podem até receber elogios para seus veículos de imprensa mas, os senhores não são burros. Sabem que quem elogia ou é favorecido ou tem algum interesse. E aí mergulha-se numa fogueira de vaidades que literalmente queima a imagem da empresa, dos empregados e mais ainda a imagem do patrão (no caso, os senhores).

Afastem-se de puxa-sacos. Contratem profissionais que mobilizem a empresa; que tragam novas idéias, sugestões; e principalmente ofereçam estrutura para executar a renovação. Eu garanto, se bem planejada, a mudança não terá gasto, mas sim investimento!

O tempo passa e isso é cruel. Uma mudança em favor de uma sociedade mais justa, de eleições mais sérias, com coberturas honestas de campanhas, eventos, e demais fatos; tudo isso se reflete em ganho de respeitabilidade que podem dar peso aos nomes dos senhores.

Pensem bem. Esta é a hora de os senhores entrarem para a história de Montes Claros, como transformadores da imprensa. Como incentivadores de uma imprensa realmente democrática.
Uma imprensa que cuida dos interesses do cidadão, cobrando, criticando, e dando crédito sempre na medida certa, com argumentação, com dados, com fatos. Uma imprensa de substantivos e poucos adjetivos.
Uma imprensa de credibilidade, em vez de uma corporação de puxa-sacos ou de perseguidores. Uma imprensa que não negocie páginas com políticos, exceto as de anúncios publicitários.
Uma imprensa que vigie o trabalho de prefeito, vereadores, deputados, secretários e governador sem ficar de quatro nem de arma em punho.

A imprensa tem de estar vestida com a farda do cidadão. Este é nosso maior poder, e nossa maior responsabilidade.

Estou aberto a conversar pessoalmente com cada um dos patrões da imprensa de Montes Claros, caso se interessem. Não estou em busca de emprego, mas de contribuir de alguma forma.
Sou editor do Jornal Geraes, um noticiário que também está longe do ideal.
Na TV Geraes, todos devem saber, as coisas também não são fáceis. Falta verba.
Mas a empresa me oferece o bem mais precioso com o qual um jornalista deve trabalhar: a liberdade de expressão. NINGUÉM, nem meus patrões, nem os anunciantes, nem políticos interferem na edição do Jornal Geraes.
Na TV Geraes, estamos nos reunindo, tentando melhorar resultados e produzir mudanças (ainda não estão visíveis no ar) que garantam melhores produtos para o telespectador, e mais benefícios para os funcionários da empresa.
Ainda há muito a fazer, mas já saímos da inércia. Estamos dando os primeiros passos.

Além de criticar, gostaria de ajudar.

No fundo o que todos queremos é ver os jornais com grandes tiragens reais, com nossos colegas bem pagos e com salários em dia, sem se vender a empresas nem a políticos. O que a gente quer ver é patrões da imprensa ainda mais ricos, mas permitindo que jornalistas também melhorem de vida. Que oferecem capacitação aos seus empregados.

Claro que tudo isso acontecer é preciso discutir. Patrões e empregados juntos, sem ódios nem dedurismo. Adultos batendo papo sobre a imprensa, sobre o negócio imprensa, sobre a vida imprensa. Imprensa para noticiar, sem espaço para aparecer. Sem espaço para "jornalistas" que aceitam trabalhar de graça.

Não tem nada a ver com sindicalismo, mas com profissionalismo. Idealismo. Correção. Ética.

Vamos parar de encher páginas. Vamos fazer jornalismo de verdade.

Vamos virar a página da nossa imprensa hoje!

Eu tô a fim de conversar.

Se você é patrão ou empregado da imprensa, vamos nos reunir. Mas não pra fofocar. É para propor formas de diálogo prático e firmar posições de mudança real.

Sinceramente.
Ricardo Freitas

domingo, julho 11, 2010

A COPA DO VEXAME

O Brasil levou um time com defesa titular, mas o meio campo e o ataque eram reservas.
A Holanda, time mais violento da competição (campeão de faltas), jogou como a Alemanha. Ou seja, não jogava. Ocupava o campo e chutava a gol.
A Espanha talvez seja a mais fraca de todas as campeãs da história das copas. A derrota para a fraca Suíça e a tão comemorada "vitória" sobre a poderosa Honduras descrevem bem que sub-Venezuela de várzea é essa que chegou à final.

Uma final montada numa monumental série de erros absurdos de arbitragem.

É hora de a Fifa repensar as competições entre seleções. Talvez seguir o exemplo da FIVB, a Federação Internacional de Vôlei. A FIVB mantém a Liga Mundial (masculino) e o Grand Prix (feminino) todo ano, como forma de manter a formação das seleções. Nos mundiais e Jogos Olímpicos, as equipes demonstram entrosamento e dão show de vôlei.

Se a Fifa não mudar, as copas serão sempre assim: seleções de craques formadas na base do junta-junta algumas semanas antes. É por isso que não há Messi, Kaká, Luís Fabiano, Cristiano Ronaldo que brilhe nessas "peladas" de última hora da mesma forma que se joga em seus times de anos e anos. Esporte é trabaho de equipe. Não adianta. O time que vence é cagão mesmo. A Espanha, por justiça, não merecia nem estar na final. Mas por lógica, chegou e derrubou os violentos holandeses.

A Copa foi uma vergonha para o futebol. Novas potências do esporte foram castradas por péssimas arbitragens. Imagine só, Uruguai que, ao lado da Argentina, quase fica fora da Copa, chegou às semifinais. O Paraguai, mais bem estruturado que a Espanha, ficou para trás por causa de trapalhadas do trio de arbitragem.

sexta-feira, julho 09, 2010

COMÉDIAS QUE FAZEM RIR - ATÉ QUE ENFIM!

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Gosto muito dos novos seriados da Globo, especialmente "Separação!?" e "S.O.S. Emergência". Apesar dos velhos temas, são filhotes moderninhos do cruzamento das fórmulas bem sucedidas de "A Grande Família" e das sitcoms (comédias de situação) da tv norte-americana, elas são engraçadas. O que foi que eu disse? Isso mesmo: comédias que fazem rir!!!

Roteiros com histórias paralelas bem costuradas. Boas e surpreendentes soluções para as trapalhadas dos personagens. Diálogos curtos, com frases funcionais, objetivas. Edição dinâmica. Direção bem planejada. Humor rápido. Nem sempre genial, mas eficaz. Sem tempo para pensar, mas com sobras pra "sacar" a mensagem e rir. O elenco ajuda e muito. O "casamento" entre Débora Bloch e Vladimir Brichta deu certo em "Separação!?" Pegaram rapidamente o espírito dos personagens e estão usando direitinho o melhor de cada um: Brichta, com sua cara impagável de vítima risível, e Débora, mais contida nas caretas, mas valorizando bastante um script de tirar o fôlego.

A boa notícia não pára por aí. A exemplo da excelente produção de "A Grande Família", os três novos seriados mostram o quanto há um capricho especial nos figurinos, cenários, até mesmo nos pequenos objetos. Assim, a história ganha força não apenas pelo texto, mas também pelo visual. Volto a destacar a força dos reoteiros. Ao final de cada programa, nota-se que houve suor no trato do texto, não apenas da história em si, mas na visualização final do produto: cenas hilárias (como a dança de Brichta com um bandido numa cela de cadeia, no episódio desta sexta-feira).

No "S.O.S", a receita ganha ainda mais força com uma direção impecáveis. Cenas planejadas nos mínimos detalhes. Os diálogos, muitas vezes com os personagens em movimento, vão dando deixas para a câmera passear pelos corredores, salas, banheiros e armários do hospital. O elenco é uma boa mistura de veteranos, como Ney Latorraca e Maris Orth fazendo papéis de si mesmos (mas são engraçados) e caras novas bem aproveitadas. Apesar de ser uma comédia, estão ali bem delineadas as personalidades de cada um dos personagens. As situações são hilárias e armadas de acordo com as reações que se espera de cada um deles.

Ri melhor quem ri de situações supreendentes ou de frases bem colocadas em cenas curtas e bem montadas. Difícil é rir das "piadas" que duram mais de cinco minutos e cujo desfecho é sempre o mesmo e velho bordão: "tô pagaaaaaando", "vai que cola", "depois não diga que não avisei". Feliz de se admirar é quem ainda acha graça em sujeitos fazendo sempre perguntas imbecis e se achando o máximo na praga das comédias em pé: "por que fulano sempre diz isso ou aquilo?", "eu odeio aeromoças"; "eu sempre quis saber por que a telefonista diz isso ou aquilo".

Enfim, é a soma que tem agradado. O cuidado, o capricho que a Globo só costuma ter em minisséries, finalmente chega aos seriados. O resultado só não tem sido melhor em "A Vida Alheia". Ainda não descobri o objetivo de Miguel Falabella com suas histórias: se é para rir, não tem a menor graça; se é para criticar a imprensa, falta um mínimo de conhecimento da rotina do jornalismo, mais ainda do "jornalismo" de fofoca.
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terça-feira, julho 06, 2010

O PIOR TIME DE TODOS OS TEMPOS

A bola estufa a rede e não é gol. O jogador quebra a perna do adversário e o jogo segue. Nem falta, nem cartão; muito menos expulsão. A vítima da violência recebe cartão vermelho. A falta não existe, mas é pênalti e gol! A falta é clara na grande área, mas é ignorada. É a materialização da teoria do antijogo.

A Copa da África do Sul entra para a história com o pior time de todos os tempos. A seleção de árbitros da Fifa. Em quase todos os jogos, os pernas-de-pau não cometeram somente aquelas falhas comuns que costumam nos deixar irritados, como nos jogos do Brasileirão. Eles foram além. Foram erros absurdos. Do gol anulado que quase tirou os Estados Unidos da Copa na primeira fase, passando pela expulsão de Kaká, até a bola da Inglaterra que não apenas entrou, mas morou debaixo da rede alemã. Tem ainda os erros fatais que interferiram no placar de Espanha x Paraguai.

A arbitragem desta Copa é uma vergonha mundial para a Fifa. E ainda querem que os jogadores mantenham a calma dentro de campo. As reações poderiam ser bem piores. Os resultados dos jogos, os cruzamentos de oitavas e quartas poderiam ter sido diferentes. E o caminho até a Taça Fifa teria, quem sabe, outros protagonistas.

Quem sabe times estranhos como a Holanda teriam ficado em seus devidos lugares. Assistindo futebol pela tv.

quarta-feira, junho 23, 2010

GLOBO E BAND NA COPA

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Estou de volta, depois de uma longa e preguiçosa ausência. E para variar, vou falar um pouco sobre a cobertura da imprensa na Copa da África.

1- Na Globo, os narradores Kleber Machado e Rogério Correia mantêm a tradição como os piores da emissora. Claro, Kleber segue imbatível. Sempre atrasado, sempre errado; machucando menos a língua portuguesa mas, como ele mesmo inventou, filosofando "uma grandeza" de idiotices. Luís Roberto é o mais promissor de todos. Seguro, econômico na narração, e sempre abrindo prontamente o espaço para comentaristas, é o mais provável sucessor de Galvão. Muito cheio de si durante a narração, Galvão Bueno é, disparado, o melhor, mais preparado e competente narrador. Mala sem alça, mas imbatível. Quem estuda e melhora a narração e consegue ser o melhor em todos os esportes, tem sim a maior rejeição, mas ainda segura o Ibope como nenhum outro. Legal o uso descontraído do Thiago Leifert, como âncora. Depois do sucesso na Sportv e no Globo Esporte, Leifert consegue quebrar o gelo sem cair na zona da desinformação como faz a turma da Band.

2- Ah, a Band! Uma emissora marcada por um telejornal fundamental, paradoxalmente, mantém no esporte uma velha tradição de desleixo. Luciano do Valle, com sua voz climática que esquenta qualquer narração, piora a cada jogo. Troca nomes de todos os jogadores. Raramente consegue acertar os autores dos gols! Nivaldo Prieto, com sua voz ainda metalizada pelas ondas do rádio, não consegue pronunciar corretamente a palavra-chave do futebol. Reparem que quando a jabulane balança a rede, ele berra: "dêêêêêêêêêêêoooolllllll". Uma fono urgente. Téo José tenta rasgar demais as pregas vocais nos momentos mais agitados, mas é hoje o melhor da emissora.

Quanto aos comentaristas, a Band segue a tendência de contratar semi-analfabetos polêmicos. Depois de Neto, filhote esbravejador da dupla boa de grito e péssima em informação Milton Neves-Datena, escalou Edmundo para a Copa. Acho que é desnecessário comentar aqui o desastre que tem sido. É de dar pena. E ainda na Band uma série de programas que falam a mesma coisa, usam as mesmas figuras bizarras (Renata Fan, Datena, Milton Neves, e cia.), as mesmas reportagens (repórteres de nível colegial até na narração, como um tal de Henry Karam), e o mesmo blá-blá-blá. Vampeta e Denílson falando até palavrões ao vivo! Baixaria é pouco.

Legal nas transmissões dos jogos na Band é que eles não conseguem abafar a zoeira das vuvuzelas e, sem querer, acabam trazendo um clima mais emocionante a quem está em casa.
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sábado, maio 01, 2010

PRATA! É POUCO?

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Montes Claros não perdeu o ouro. Conquistou a prata.
Primeira Superliga e a equipe, antes mesmo de completar 12 meses de vida, já completa a temporada como campeã mineira e vice-campeã brasileira.

Na volta para casa, a bagagem de três jogadores volta mais cheia: Lorena, melhor saque (foi também o melhor atacante, mas deram o prêmio a Thiago Alves- sétimo colocado. As estatísticas comprovam: Lorena fez 699 pontos na competição, e não foi o melhor atacante? Piada); Rodriguinho, melhor levantador; e Thiago Brendle, melhor defesa.
Esses caras superaram craques respeitados em todo o mundo, como Giba, Bruninho, Marcelinho e Serginho. É pouco?

A final, como já era de se esperar, ficou mesmo com aquele sabor de dúvida: se fosse um play-off, um tira-teima numa série melhor de três ou cinco jogos, o campeão seria mesmo o Florianópolis? Talvez sim. Um time mais coeso, que joga há cinco anos com pouquíssimas mudanças, e que vive o clima de grandes decisões desde o primeiro ano em que pisou as quadras catarinenses. O Floripa tem cinco jogadores da Seleção. É pouco?

Também é evidente que o Montes Claros deste primeiro de maio não foi a sombra da equipe guerreira e de alto nível técnico que conquistou público e crítica nesta Superliga. O jogo único pesou. O nervosismo parecia um fantasma empurrando saques para a rede ou muito além dos limites da quadra; e levando nossos ataques direto para o paredão do time de Floripa. Todos sabem: 3 sets a zero não foi normal.

Não sei se o técnico, Talmo de Oliveira, fez as mudanças corretas. Talvez se Ezinho tivesse entrado há mais tempo... Talvez se o meio, com o grande Acácio, fosse acionado mais vezes... Mas aí é o planeta do "se". Papo de torcedor. Quem entende é Talmo, com sua experiência de campeão olímpico. Tenho certeza de que fez o máximo. O título seria muito importante para ele também.

Não sei não, mas nas entrevistas pós-jogo já senti Lorena bem longe de Montes Claros. Emocionado, grato à torcida e aos companheiros, mas sempre em tom de despedida. Vou torcer por ele na Liga Mundial, caso permaneça no grupo definitivo de Bernardinho. Lorena é aquele tipo de artista que canta de olhos fechados - a gente reconhece de longe quem ama seu ofício. Quem bota emoção na técnica. Lorena é apaixonado pelo esporte. Vale o ingresso!

Agora é manter um time de nível para os próximos desafios. Vice-campeão de Superliga tem vaga em sul-americano e mundial de clubes. É prata. Não é pouco.

E um recado para quem gosta de vôlei: Montes Claros tem outros times, como os que defendem a cidade nos Jogos do Interior de Minas e mal conseguem bola e uniforme para treinar. Vamos torcer por esses atletas, e para que a Secretaria de Esportes trate esses heróis anônimos com o mesmo respeito.
Seria pedir demais? Não, claro que não.
É pouco.
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quarta-feira, abril 21, 2010

O MELHOR DO ESPORTE

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Independentemente de o primeiro finalista da temporada 09/10 da Superliga Nacional de Vôlei ser um time com sede em Montes Claros, eu teria pela equipe a mesma grande admiração. Há ali, mais explicitamente em Lorena, a paixão pelo jogo. O tesão que faz o esporte ser o que é em toda a sua essência.

Eu acompanho o vôlei, e muitos outros esportes olímpicos desde minha juventude, como já disse aqui em outro artigo recente. Não importava tanto a vitória da seleção feminina de basquete quanto ver a garra, a técnica e a paixão de Hortência. Quando é assim, a própria vitória se torna indispensável. A história está aí para não me desmentir. Basta lembrar que a seleção de Telê Santana na Copa de 1982 é uma das mais respeitadas e elogiadas de todos os tempos. E não foi sequer semifinalista!

É sobre essa beleza do esporte que estou falando. É sobre o comportamento de atletas como o oposto Lorena, do Montes Claros. Desde os primeiros amistosos, disputados no ginásio da AABB, no ano passado, ele foi angariando os pontos que resultaram na classificação do time para a grande final da Superliga. Comemorava os pontos feito um louco correndo em direção à torcida e depois dando peitada nos companheiros. E era um amistoso! Um time recém formado numa cidade estranha. Ele que acabava de chegar da Europa. É o típico atleta de sangue nos olhos. Claro, que não é apenas isso. Lorena tem alto nível técnico - não à toa está na briga por uma vaga na seleção de Bernardinho que vai disputar o nono título da Liga Mundial. Mas não basta só técnica. O que faz um atleta ser excepcional é a paixão pelo esporte, não importa a forma como ela se manifesta. Se com a frieza de um Alan Prost ou a explosão patriótica de um Ayrton Senna.

Os amistosos revelaram ao então pequeno público não apenas um time de vôlei, mas uma equipe de alto nível técnico que, de forma humilde mas aguerrida, estava disposta a defender a cidade que o recebia. Atitudes como as de Lorena e do também apaixonado Rodriguinho ajudaram a lotar o abandonado ginásio Tancredo Neves, um elefante branco construído pelo então prefeito Luiz Tadeu Leite às vésperas das eleições em que derrotou jairo Ataíde, atual aliado. Vale lembrar que, na mesma época, foi também construído o novo mercado central - as duas obras, com uma capa monumental mas sem o menor cuidado com acabamento, infra-estrutura básica, e sem qualquer respeito a feirantes e atletas. Hoje, esse mesmo ginásio - ainda uma vergonha para o nosso esporte - ganhou um novo piso para esses "estrangeiros" que aprenderam a ser respeitados pela cidade e até ganharam torcida organizada. Afinal, não se pode pedir que os torcedores de Cruzeiro e Atlético deixem de ir ao Mineirão ou passem a torcer pelo América só porque não há mineiros em campo!

Além de Lorena, o time tem um elenco muito bem montado. Craques com grande experiência em Superliga Nacional e ligas européias (França, Itália e Portugal), como Ezinho, Tiago Brendle, Thiago Salsa, e grandes e decisivas atuações de Piá, Diogo e do central Acácio, um gigante no meio de rede.

Agora, não importa se todo o esforço da temporada se resumirá ao resultado de um único jogo - conforme acordo entre os times e a Rede Globo. Não importa mais o resultado em si. O fato é que a união desses jogadores já é campeã. Um grande desafio será manter a base da equipe. Acredito que, com uma temporada tão impecável, Lorena e Rodriguinho dificilmente ficam.

Deram uma alternativa de espetáculo saudável ao montes-clarense, já enjoado - e em muitos casos enojado - pelo excesso de micaretas. Afinal, de que adianta criticar os supostos altos salários dos craques do vôlei, se quase todas as prefeituras da região vivem investindo em atrações pernas-de-pau do axé? A coisa é tão séria que já parece obrigação a ser incluída em orçamentos municipais.

Agora, sem poder ir a São Paulo, resta ao montes-clarense torcer... Torcer para que o time, seja qual for o resultado da final, resista a outro grande adversário: a sobrevivência pós-eleitoral.

Ps.- Ainda tenho muito dizer e vou voltar a falar de esporte. Por exemplo, nós, cidadãos, queremos saber o orçamento do esporte. Quanto é aplicado no vôlei, quanto é aplicado em ciclismo, em basquete, em esporte adaptado, natação, futsal, futebol, etc. E espero que a secretaria de esportes não esconda essa escalação, nem tire o time de campo. Até mais!
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segunda-feira, abril 12, 2010

POLÍTICOS - NOSSA PIOR TRAGÉDIA

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A água da chuva e a lama da desonestidade atolaram de vez aquela ilusão de que o Brasil é abençoado por deus e livre de guerras e catástrofes naturais. Era comum se dizer: aqui é o paraíso; estamos livres de terremotos, furacões, vulcões, etc. Mas a verdade é que não conseguimos escapar dos efeitos da pior das catástrofes: a atuação da imensa maioria dos nossos políticos.

Essa gente que se elege para fazer carreira; resguardar a herança de poder, a manutenção das dinastias dos velhos e novos coronéis; para realizar o vil poder da revanche; para ajudar a assegurar leis que protejam seus aliados, seus amigos, parentes, e até mesmo o crime organizado.

Segundo o site "Congresso em foco", o número de processos contra deputados e senadores aumentou em 51% desde o início da atual legislatura. Pulou de 101 para 152.
Com tanto parlamentar com possibilidade de ter a ficha suja, infelizmente o projeto Ficha Limpa jamais será aprovado. E acredito que nem mesmo com a aprovação, a camada mais suja da nossa sociedade (que é a que vive permanentemente sem a menor noção de escrúpulos, respeito, senso de ética e humanidade) deixará de comprar seu acesso aos poderes legislativo e executivo.

Dessa rede também faz parte a maioria dos prefeitos brasileiros. Políticos que têm demonstrado (não é de hoje isso, não - bem sabemos) que chega aos governos municipais para beneficiar cabos eleitorais, amigos, empreiteiras; enfim, se dar bem. Não querem saber de cuidar de melhorar a qualidade de vida da população.

Como eu já disse em outros artigos, um deles publicados no falecido Grandeminas.com, essa teia de velhas raposas que não se renova há décadas, gosta muito de usar a palavra povo, para separar bem: políticos com ou sem mandato e povo. O que é povo para essa corja? A massa que o elege. Como se faz nas seitas evangélicas de portinhas de esquina, é aplicar o marketing barato do berro, do grito, e da promessa. Uma receita que até hoje dá resultados. Elege quase sempre os mesmos políticos, e explora sempre - em número cada vez maior - os mesmos cidadãos.

Assim, fica difícil conscientizar o cidadão de que povo somos todos nós. Mas que cidadãos, só tem sido uma minoria privilegiada e, não raro, favorecida. POLÍTICO, com ou sem mandato, NÃO É NOSSO DONO, NOSSO PATRÃO. POLÍTICO é eleito para SERVIR AO CIDADÃO. POLÍTICO é NOSSO SERVIDOR. Ele é pago para cuidar do nosso bem-estar. Se o faz, não é mais que obrigação. Se não o faz, tem de ser cobrado sim; e se pratica atos ilegais, tem de ser processado e punido, sim!

Veja o caso dos desastres que assolam o Rio, que feliz ou infelizmente, é o retrato do nosso país. Ali está a imagem, a cara da nossa política. A exposição crua da nossa grande tragédia. A guerra, que pensávamos estar bem longe, e o desrespeito à vida humana escancarado nas enchentes e desmoronamentos. Guerra sim, nunca assumida, mas estampada como um diário da Faixa de Gaza brasileira. Os traficantes e milícias são nossos terroristas. E os cidadãos do Rio são suas vítimas constantes. Ali, não tem político corajoso capaz de encarar a verdadeira guerra. As recentes catástrofes provocadas pela chuva não são fruto apenas da força da natureza, mas da inoperância dos governantes. É lixão "escondido" no centro de grandes cidades. É falta de urbanização. É pobreza extrema amontoada em morros. Não foi a chuva que matou tanta gente. Foi o lixo da política. A lama da corrupção. A falta de profissionalismo na administração das cidades.

Joelmir Beting resumiu um pouco como a questão do saneamento é tratada em nossas cidades: "o Brasil é o único país que não deposita lixo pra baixo, empurra lixo pra cima". As enchentes e a guerra do tráfico no Rio se equivalem à nossa seca prolongada aqui. Moeda eleitoral antiga, enferrujada, banalizada, mas tristemente ainda valorizada no meio político. A seca nunca foi o verdadeiro problema. Todos bem sabemos. A falta de reservatórios de água, sim.

Até hoje politiquinhos locais ainda usam jornalistinhas locais para espalhar o "drama da seca" "o sofrimento dos flagelados". Mentira mais sangrenta que a carne que essa gentalha devora ainda quase crua nos encontros, seminários e almoços de churrascaria. O escândalo que fabricam com os dados da Emater sobre centenas de rios que secam, milhares de cabeças perdidas no rebanho, e até vidas humanas em risco... Tudo moeda eleitoral. Não é a natureza a responsável por tudo isso. São eles mesmos, com ou sem mandato; somos nós mesmos, "imprensa", que mal sabe ler e escrever, muito menos questionar. Também pudera: como questionar se muitos "jornalistas" vivem da troca de favores que, direta ou indiretamente, ajudam a dar sustentação política à mentira. As notícias que se lê em Montes Claros são construídas em dois substantivos: bajulação ou perseguição. E dependendo do jogo do poder, a troca de substantivos é sazonal.

A esperança brasileira é a renovação política, mas não a enxergo ainda. Pior, a grande "renovação" tem sido no campo religioso. Cada vez mais pastores se aproveitam do seu rebanho para transformar dízimos em votos. Deve haver, claro, alguns que realmente querer levar cidadania aos seus crentes. Mas vejo um futuro temeroso, em que teremos que escolher entre uma ditadura de seitas evangélicas e o império do crime organizado. Pensando bem, que diferença faz?
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sexta-feira, abril 09, 2010

Vôlei, jornalismo e política - polêmica poliesportiva

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Como todos puderam ler abaixo o artigo de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui, ele não concordou com algumas de minhas posições expostas no artigo sobre o vôlei. Em resposta rápida via email, expliquei que meu texto se apóia especificamente no esporte.
Agora, depois de devidamente ter dado a ele o espaço para que também se expresse, vou esclarecer e comentar alguns pontos.

Bom, primeiro agradeço a Waldo os elogios à minha carreira. E sei, sem falsa modéstia, que não são gratuitos, já que nunca tive qualquer tipo de relação sequer digna de suspeita com qualquer grupo político. Muito ao contrário, sempre evitei maiores contatos e até mesmo propostas de assessoria; até mesmo quando estive desempregado. Óbvio que não há nada de errado em trabalhar como assessor. Desde que exercido com postura ética, todo e qualquer trabalho é digno e louvável.

Mas preciso deixar claro que, quando cito comentários levianos, me refiro a gente do meio do esporte ou aqueles que vivem resmungando e transferindo para o sucesso de outros o peso da própria frustração. Eu não sabia, como ainda não sei exatamente, da existência de denúncias de irregularidades ligadas ao apoio da prefeitura de Montes Claros à equipe de vôlei.

Também não vou aqui "defender" a parceria da Funadem com a Prefeitura. Primeiro por que não é meu trabalho, e segundo porque não tenho informações suficientes nem mesmo para tomar qualquer posição sobre o assunto, já que não tenho conhecimento das supostas irregularidades.

Não vejo também, meu caro Waldo- embora sabendo do respeito que você diz ter por mim e do peso extra que a palavra é capaz de ganhar -, necessidade para o tom de alguns de seus comentários sobre o meu texto. Por exemplo, não vejo erro ou crime em se ter apoio da "massa festiva, ávida por pão e circo", já que promover grandes eventos virou mania em todos os municípios do país. É micareta quase todo mês em todo lugar, até mesmo em cidadezinhas que não têm retorno de ICMS suficiente nem mesmo para pagar as próprias despesas. Onde há irregularidade que se denuncie, que seja acionado o Ministério Público, como você nos informou, e nos resta torcer para que haja punição aos responsáveis. A expressão "massa festiva..." pareceu meio preconceituosa. Eu que detesto axé music que tenho que admitir que é triste ver tanta verba pública aplicada nessas micaretas, uma prática repetida há muitos anos também em Montes Claros, por vários prefeitos. Mas temos de admitir que lazer está entre as necessidades da população. Sinto falta de música, mas isso é outro assunto. Se a maioria dos cidadãos gosta tanto de axé, dá-lhe axé. Mas concordo com você que projetos de lazer, bem como até mesmo serviços essenciais, podem - na maioria das vezes são- ser usados também para obtenção de votos.

Quando citei sobre o orgulho desta cidade, não me referia à administração Luiz Tadeu Leite. Montes Claros está acima disso para mim. Quem convive comigo sabe bem o quanto critico a situação do município inteiro, e também quanto amo esse lugar. Luiz Tadeu Leite foi prefeito outras vezes e testemunhei muitas de suas ações como administrador público. A cidade ficou o ano passado quase toda parada. Quem acompanha o Jornal Geraes, do qual sou editor, sabe bem o sofrimento de quem precisou de assistência médica; os cortes de pessoal no serviço público - atitude que apóio, desde que bem planejada - resultaram no desmonte de equipes como a centro de controle de zoonoses, que aparentemente chegou perder o controle do combate aos focos do aedes aegypti. Os índices dispararam, como foi noticiado pela imprensa. A Olibamoc, anunciada no segundo semestre do ano passado, murchou. Outros esportes esperam um apoio tão forte quanto o dado ao vôlei. As trapalhadas na implantação do sistema de integração do transporte coletivo. Enfim, há uma série de outros pontos a se criticar na atual administração. Mas não era disso que eu estava falando no texto.

Eu não quero aqui entrar em polêmica quanto à relação jornalismo e política, mas você não pode e nem deve esperar de mim um posicionamento igual ao seu. Você trabalhou na assessoria da administração Athos, derrotada nas últimas eleições municipais; você é editor de um jornal que investe de forma panfletária contra a atual administração e até de forma ofensiva ao prefeito Luiz Tadeu Leite. Visitei o site do jornal Daqui e, ainda que venham a ser comprovadas as acusações e denúncias que ele estampa, sou terminantemente contra esse estilo de jornalismo. Até mesmo, Waldo, porque ele fere a si próprio.

Cidadão comum, despido de posturas anti-Athos e anti-Tadeu, pode não dar crédito às denúncias, justamente pela forma sensacionalista com que elas estão expostas. Eu até entendo que seja um tipo de trabalho de marketing direcionado ao que você chama de "massa ávida por pão e circo", e se for assim, vocês podem estar cometendo o mesmo tipo de pecado de quem tanto criticam. Pior ainda, derruba o valor do trabalho de apuração que você e sua equipe tiveram para produzir as reportagens e levantar denúncias que, volto a repetir, espero sinceramente sejam rigorosamente investigadas.

Olha só o que você disse: "Não se resume às alegações que você aprendeu e repete tão bem. Na situação idealizada por você para versar sobre o Montes Claros/Funadem, o prefeito Tadeu foi “convencido” a encampar o projeto. Então, tá."

Aqui te respondo como ex-colega de trabalho, presumo que se refira ao modo como falo sobre o vôlei. Por isso, quanto às tais alegações, eu não aprendi com ninguém e conseqüentemente não as repito. Eu não fecho com grupos. Aprendi a pensar sozinho desde cedo. Claro que isso pode me levar a atos de ingenuidade, mas não gosto muito da idéia de seguir grupos. A minha opinião naquele texto é a de um cidadão/jornalista que viveu toda uma época, e de certa forma ainda vivo, no meio esportivo. Pode ser difícil de entender, se não se ama o esporte. Políticos, de maneira geral, não levam o esporte a sério. Foi assim em todas, repito TODAS, as administrações municipais que acompanhei em Montes Claros.

Para terminar, deixo claro que mantenho meu apreço por você, não pelos elogios, mas por acreditar que se trata de uma pessoa inteligente. E isso é importante porque você vai saber entender que nossa batalha, mesmo travada em campos distantes, (desde que tenha como única finalidade a luta pela cidadania e por uma cidade melhor em todos os sentidos) é a mesma. E sendo assim, estaríamos ambos na mesma jogada.

quinta-feira, abril 08, 2010

Email de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui

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Segue abaixo, na íntegra, comentário de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui. Ele tentou postar como comentário, mas não conseguiu, talvez pelo tamanho do texto. O comentário se refere ao meu artigo intitulado "Vôlei - polêmica e legados".

"Meu caro Ricardo Freitas,

Você é um dos poucos jornalistas de Montes Claros de quem ainda vale a pena a gente discordar, visto que a grande maioria, por falta de capacidade ou apego à bajulação, não me estimula a comentários. Eu e Tadeu Leite, por motivos diferentes, estamos comemorando a volta do seu blog.

Não conhecesse você como conheço, diria que seu comentário a respeito do vôlei faz parte do processo de cooptação da imprensa levado a cabo pelo atual prefeito. Garanto que muitos, que não sabem o que lhe move na profissão, pensarão isso. Imagino que Tadeu está gostando do que você escreveu porque as pessoas sérias – não as levianas, mas as sérias – sabem o que existe por trás do espetáculo, e concordo, é um espetáculo, que é esse time de vôlei.

São votos vencidos os que questionam a forma como do dia para a noite Montes Claros ganhou uma das melhores equipes de vôlei do Brasil. Até então, o projeto de Tadeu tinha o apoio “apenas” da massa festiva, ávida por pão e circo, mas agora contente por pelo menos o circo, entusiasmada que está com os holofotes que se voltaram para a cidade; e dos que manipulam essa mesma massa, com intenções nem um pouco nobres.

Pois bem: ganharam o reforço de alguém que, em que pese as discordâncias que tenho de algumas de suas posições, é um sujeito sério.

Entretanto, sua análise é bem-intencionada, quase ingênua. Eu também gosto muito de vôlei e, assim como você, acho os caras legais. Agora, sentir orgulho? Me poupe, meu caro Ricardo. Mesmo que a formação desse time tivesse levado em conta os aspectos legais e morais, seria exagero falar em orgulho.

Falta muito para chegarmos ao ponto de nos orgulhar da nossa cidade, visto que Montes Claros vive um estado de incrível abandono, revelado nos caos do transporte público, da saúde (epidemia de dengue e casos de calazar, doença que se imaginava erradicada, e de gripe suína), da educação (escândalo do superfaturamento da merenda escolar), da assistência social, da falta de obras e de projetos, das omissões que estão impedindo o envio de recursos federais para o município etc.

Ou isso é obra de ficção, um delírio da oposição, ainda com dor de cotovelo por ter perdido a eleição? Para o bem da população, bom seria que fosse. Não, meu caro. Pelo menos por enquanto não há motivos para sentirmos orgulho. Muito menos por um time de vôlei financiado com dinheiro público, via Funadem, fundação criada, de acordo com seu estatuto, para desenvolver ações de cidadania e direitos humanos; atendimento a crianças, idosos, adolescentes e portadores de deficiência; para promover a cultura e a defesa do meio ambiente e do patrimônio histórico.

E que, por isso mesmo, não poderia destinar o volume de recursos que destinou para pavimentar o caminho político do filho do prefeito, Luiz Tadeu Martins Leite. Compreensivelmente, o pai não poderia esperar o tempo que essas iniciativas precisam para frutificar. Por isso, optou por algo grande, visto que a eleição bate à porta.

O time, que agora se chama “Montes Claros/Bonsucesso” (não vão gostar de você ter mantido o Funadem lá), tem como diretor o dito filho, o que a lei veda. O nome dele foi retirado dos releases de divulgação depois que o jornal DAQUI denunciou o fato, mas continua nos documentos da Funadem. A lei também veda que, nessa situação, a equipe receba dinheiro público e que os agentes públicos se utilizem de verba para custear publicidade em que estes façam autopromoção, se utilizando do time de vôlei, como ocorreu, e de forma abusiva.

Essas e outras irregularidades configuram improbidade administrativa e também ferem o princípio da impessoalidade no trato da coisa pública, razões pelas quais estão sendo investigadas pelo Ministério Público.

Nada contra Lorena e os demais que você citou, e nem é tão importante o fato de os jogadores não serem de Montes Claros. Eles são profissionais e estão fazendo o trabalho deles, para o qual estão sendo muito bem remunerados, diga-se de passagem. Você tem razão. O time também não é uma farsa e ninguém está entrando numa “fria” voluntariamente, é óbvio. Trabalham com tino empresarial e estão indiferentes à questão política e sua consequência para a cidade.

E de forma alguma sairão chamuscados caso as investigações cheguem a alguma maracutaia, já que da parte deles o paradigma é outro. Encaram com seriedade, até prova em contrário. A questão é mais ampla, meu caro. Não se resume às alegações que você aprendeu e repete tão bem. Na situação idealizada por você para versar sobre o Montes Claros/Funadem, o prefeito Tadeu foi “convencido” a encampar o projeto. Então, tá.

Para os homens de boa vontade, também peço que esperem. Que dêem tempo ao tempo. O jogo, realmente, está apenas começando."

www.daquimoc.blogspot.com
daqui.jornal@gmail.com

quarta-feira, abril 07, 2010

DIA DO COZINHEIRO

Sete de abril, dia do jornalista. Melhor ser jornalista e não ser engolido como profissional pelo senhor Gilmar Mendes, do que ser ministro do STF querendo aparecer mais que as notícias. O cozinheiro aqui lhe deseja, bom apetite, "ministro".

Aproveito a oportunidade para parabenizar os companheiros dos jornais, emissoras de rádio e tevê, blogs, sites, estudantes e professores de jornalismo e, claro, os assessores de comunicação de empresas e órgãos públicos que, não podem nunca se esquecer de que são também jornalistas.

Minha vontade era presentear a todos nós com uma panela Tramontina para fazer jus ao infeliz e mal informado STF, em especial ao ministro Gilmar Mendes, que nos transformou em cozinheiros. Se não fosse um prato tão indigesto, esse inimigo do profissionalismo no trato da notícia cairia bem dentro da panela de pressão em que nos meteu.

A situação hoje só tende a se agravar. Profissionais mal pagos, trabalhando sem condições humanas ideais, sem equipamentos necessários para o exercício da profissão; não raro, tendo como chefes sujeitos que não têm a mínima noção do que venha a ser notícia! Não raro, sendo obrigado (por questões de sobrevivência) a suportar agressões verbais de "coronéis" perdidos no tempo e no espaço, mas abalizados pela teia impiedosa da troca de favores, verbas e sobrenomes tecida pelas aranhas que infestam os corredores da justiça (com e sem mandados) e da política (com e sem mandatos).

Hoje é dia de comemorar o fato de que essa gente ainda não matou tesão pela notícia honesta, bem feita, bem apurada e redigida, que sobrevive em pontos isolados de algumas redações deste país.

Basta de jornais que se transformaram em panfletos dos próprios donos, sejam eles políticos, religiosos, empresários ou até mesmo "jornalistas". Basta de assessores que ganham a vida como puxa-sacos. Basta de engajadinhos com NBA´s e mestrados em teorias da conspiração. Basta de emissoras de televisão, como a Inter TV, que não têm o JORNALISMO e o JORNALISTA como base de trabalho e investimentos.

Abram as carteiras e procurem, caros colegas: cadê os salários?
Vale mesmo a pena ganhar esmola pra puxar saco de valentões?

Abram os jornais, liguem a tv e procurem, caros colegas:
Cadê a notícia, gente?

Falta à nossa imprensa cumprir verdadeiramente sua missão de informar com respeito e compromisso com a cidadania.
E profissionais com essa visão, não se encontra na esquina, muito menos de paga com a merreca que estamos recebendo.
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terça-feira, abril 06, 2010

VÔLEI - polêmicas e legados

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A classificação do Bonsucesso/Funadem para as quartas-de-final da Superliga Nacional de Vôlei tem um sabor especial para quem torce pelo esporte em Montes Claros. Os caras são legais, atletas de alto nível, mas mais que isso: mesmo não sendo montes-clarenses, fizeram parte da população voltar a ter orgulho da cidade que a gente tanto ama.

Assisti à maioria dos jogos disputados no ginásio Tancredo Neves, mas talvez não como o grande público que lota a arquibancada. Fico meio bobão. Olhar atento ao jogo, como um analista esportivo, e pensamento longe... Para dentro de mim. Ex-"atleta" de Jogos do Interior, tinha meus ídolos no esporte nacional, como Hortência, Paula, Bernard, Oscar Schmidt, Marcel, Piquet, etc.

Mas tinha também ídolos locais. Sim, o vôlei local já produziu nomes de destaque como Montalban (ex-Minas), Johnson Caires (ex-Sadia, uma das pioneiras no apoio ao vôlei), e Charlão (ex-Palmeiras). Esses caras fizeram história e ajudaram a despertar aqui a paixão que se espalhava por todo o país com a chamada geração de prata do vôlei. Sim, a cidade já viveu uma febre de vôlei, com a Copa Deusdará, que tinha rivais tradicionais como as equipes do Montes Claros Tênis Clube e o Canarinho, do bairro Morrinhos. Rolava sempre bate-boca e até brigas nos jogos decisivos. A torcida vibrava. Os atletas passavam o ano todo à espera da Copa e dos Jogos do Interior.

Essa geração "Deusdará", sem dúvidas, parece ter ficado encubada no coração dos amantes do esporte em Montes Claros. Basta prestar atenção ao público com maior cuidado, e a gente descobre aqui e ali um Mazinho (nosso mestre veterano, professor de educação física, e sempre atuante na coordenação das equipes dos Jimi), craques como Rednilson (atacante que parecia voar na quadra), Dedéi (levantador titular no Canarinho e em muitas edições dos Jimi), e muitos outros grandes nomes do nosso esporte (do vôlei, tênis de mesa, handebol, basquete, futsal); uma turma que está sempre no ginásio torcendo pelo bom sucesso do Funadem.

Muitos dizem: Putz! Mas esse time não é de Moc. Como não é? Ele foi formado aqui, meus amigos. Em nenhum lugar do mundo (e o futebol é prova disso), equipes de alto nível têm apenas atletas da cidade que representam. Claro que gostaríamos de ver Charlão, Rednilson, Johnson, Dedéi e todos no time. Mas uns já passaram da idade. Outros não tem altura e outras exigências que o façam competitivo. Estaríamos de ginásio vazio, sem patrocínio, e sem sequer vaga na segunda divisão da Superliga.

O caminho para formação de novas gerações é mesmo lento. Vamos ter paciência. Vítor, que é jogador de alto nível e um dos responsáveis pela montagem da equipe, é da cidade, e sabe bem disso. O que me surpreende foi ver que conseguiram convencer Tadeu Leite a apoiar a equipe. Justo ele, que ajudou a expandir as fronteiras do esporte para a periferia com as olimpíadas de bairros, em seu primeiro mandato, mas não deu estrutura ao esporte. Já deixou de malas nas mãos, feito palhaços, atletas que pediram licença do trabalho para defender a cidade nos Jogos do Interior. E ainda assim, vi muitos deles, como as turmas do handebol (Francis e cia.) e do tênis de mesa (eu, Randall, Rodrigo, Rílston) saírem correndo já naquela noite para encontrar um meio de representar Montes Claros na competição.

Acredito que Tadeu Leite tenha sim, se rendido ao projeto como meio de divulgar a cidade nacionalmente. Mas não gosto quando fazem comentários levianos sobre a verba que o time de vôlei recebe. Há um projeto ali. E parece ser mesmo sério. A Confederação Brasileira de Vôlei e sua organização são modelos para o mundo. A CBV Não cairia numa farsa.

A equipe é realidade, e já se classificou entre as três melhores da primeira fase da Superliga, que é hoje uma das três mais importantes competições nacionais de vôlei. O nível é altíssimo. Estrelas como Fabrício "Lorena" Dias e Rodriguinho não viriam aqui, nessa terra tão quente, para entrar numa fria. Marcelo Mendez (argentino que comandou a seleção da Espanha nas Olimpíadas de Pequim) e Talmo de Oliveira (campeão olímpico em Barcelona´92 - é pouco?) não arriscariam seus nomes, suas carreiras em uma aventura leviana.

Claro que times de vôlei e basquete ainda sofrem com falta de patrocínio. Mas quem peita uma Superliga já no primeiro ano de nascimento, tem que ter nos bastidores uma grande equipe para ações de marketing e captação de recursos. Se conseguiram convencer um prefeito em Montes Claros, já dou nota dez para essa turma. O legado do Bonsucesso/Funadem não está apenas no placar ou no ginásio lotados. A coisa toda gera empregos diretos e indiretos. Cria oportunidades de estágio. Para a imprensa, a oportunidade cobrir grandes eventos. De receber em Montes Claros aparatos para transmissão nacional, ao vivo. Na assessoria, lições de competência, organização e profissionalismo que deveriam ser seguidas por muitos de nossos companheiros.

Voltando à questão da formação, as escolinhas do projeto Viva-vôlei já são realidade em Montes Claros e várias outras cidades brasileiras. São crias da CBV, mas em parceria com os municípios. Essa é a grande sacada! Botar a meninada no mundo do esporte, para evitar que caiam na rede da violência e que não deixem de marcar pontos na escola.

Já vi muita gente falar mal do vôlei. Até mesmo gente do meio esportivo. Não cai bem.
Ficar desdenhando de um esporte em favor de outro. Que os demais "cartolas" façam e apresentem PROJETOS, em vez de ficarem esperando que chova patrocinadores.
Atleta quer jogar, empresa quer vender. Chorar inveja ou insistir na cachaça da preguiça não faz a bola rolar, não! Procurem se informar sobre elaboração de projetos e assumam a luta. Chega de pedir trocados e não apresentar notas fiscais. É preciso planejar muito, pedir muito, e prestar contas. Fazer uma grande jogada!

Para os céticos, eu peço que esperem. Que dêem tempo ao tempo.
O jogo está apenas começando.
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segunda-feira, abril 05, 2010

JORNALISMO "UNIVERSAL" E PEDOFILIA

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Domingo de páscoa. Ovos de chocolate, bacalhau,e dá-lhe Domingo Espetacular especial na Record.O assunto: padres católicos pedófilos. Eu e a torcida do Flamengo bem sabemos que a idéia é usar o jornalismo da emissora para "vender" a Igreja Universal do Reino de Deus e pregar contra a igreja Católica.

Mas o pior é que os padres dão carga para o inimigo. Os suspeitos chegam a gravar entrevistas dizendo que pegaram nos pintinhos dos meninos! O programa da emissora do pastor Edir Macedo informou que as denúncias não seguem adiante; que a Igreja Católica não dá importância nem pune. O depoimento do pai de um menino que teria sido molestado por um padre reforça a afirmação. Muitos estão, não apenas soltos mas ainda rezando missas, celebrando casamentos...

O legal nisso tudo é que a Record - claro que por interesse próprio - deu seqüência às investigações feitas pela equipe de Roberto Cabrini, apresentadas em seu primeiro programa de volta ao SBT. A situação é grave. O estrago que esse tipo de crime faz na vida da criança, e de toda a família, pode ser irreversível.

Mas senti falta dos vários casos já noticiados de acusações de pedofilia e até assassinato (como o do menino Lucas Terra, em Salvador) também contra pastores evangélicos.

É triste usar o controle remoto e, em vez de uma alternativa de telenoticiário, assistirmos ao uso do jornalismo como veículo/arma de propaganda "religiosa".

Falta fé e devoção aos ideais do jornalismo. Nas redações da Record, as "estrelas" do jornalismo parecem ter se vendido, e não foi barato. Agora, servem a um novo deus e combatem outros demônios. Canaã é onde pagam mais. E não importa que, para isso, tenham que partir ao meio um mar de crianças e famílias inundadas pela mancha suja da pedofilia, usando o cajado da falta de ética profissional.

Sorte minha que sou ateu, e não tenho que mudar de religião, nem de endereço de fé, a cada esmola que eu receba como pagamento.

Polícia e justiça onde houver pedófilos.
Polícia e justiça onde houver charlatanismo.
Polícia e justiça onde o milagre dos deuses é a multiplicação das cédulas.

Amém.

LULA NA BAND

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Fraca a entrevista do presidente Lula no Canal Livre, no final da noite deste domingo, na Band.
Perguntaram pouco, ouviram muito. Exceto Bóris Casoy, que apertou o presidente quanto às ameaças obscuras de controle da liberdade de imprensa, o resto foi festa para Lula.

Infelizmente, eu já esperava um tom ameno na entrevista, principalmente pela presença e postura do apresentador de programas sensacionalistas José Luís Datena."Folgado" até mesmo no modo em que se sentou para a gravação, não conseguiu, ou não quis apertar o "amigo" Lula na questão da violência.

De importante, Lula jogou para os empresários e os políticos a responsabilidade pela não aprovação de uma reforma tributária nesses oito anos de mandato. Disse o presidente, “todo mundo é favorável à reforma, mas cada empresário tem a sua reforma, cada político tem a sua.”

Lula chamou Ricardo Boechat (apresentador do Jornal da Band) de preconceituoso ao responder sobre a grande quantidade de viagens que o presidente fez durante o mandato e se pretendia descansar no Brasil depois de deixar o cargo. Lula disse que “aprendeu a lidar com preconceito”, mas que foi em viagens ao exterior que ampliou o número de parceiros internacionais e as exportações brasileiras. Disse ainda que já recebeu mais de 41 títulos de Doutor Honoris Causa em vários países, mas prometeu só viajar para esse tipo de reconhecimento depois que deixar a Presidência da República.

Lula disse que o papel do Brasil não é ser pequeno; é ser grande. Viajar é preciso. Investir fora, ajudar países parceiros e vizinhos também. Citou o exemplo da China, que botou 10 bilhões de dólares nas mãos do governo argentino para ajudar o país a sair da crise. O Brasil não fez nada, porque o Congresso não aprovou.

O presidente também explicou porque teve de comprar um novo avião. O anterior estava velho. A Presidência pagava multa porque o "sucatão" fazia barulho nos aeroportos.

Para o presidente, foram os próprios jornalistas, e não o Governo Federal, que propuseram, por meio da Fenaj, a criação de um órgão (conselho) de controle do exercício da profissão. Afirmou que "só há um tipo de controle da imprensa no Brasil, nas emissoras teelvisão, o telespectador; nas rádios. o ouvinte; e nos jornais, o leitor.”

Lula fechou a entrevista dizendo que o Brasil não vai parar mais.

Fico sempre pensando o preço que o jornalismo da Band paga (com perda de credibilidade, claro), ao manter Datena no ar. Mesmo sabendo que se trata de um dos poucos horários em que o Ibope da emissora paulista (já com imagem manchada como Rede Corinthians de Televisão) sai do traço. Uma pena.

quarta-feira, março 31, 2010

O BBB E OS FILÓSOFOS DE BOTECO

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Ainda não encontrei, até hoje, uma crítica consistente anti-BBB. Só filosofia de boteco e frases de engajadinhos parados no tempo. Não raro, intelectualóides. Aquela gente simplista que acha que a televisão é o câncer que destrói a humanidade, e que existe uma conspiração para que tudo em que eles acreditam seja aniquilado.

O BBB é um excelente programa de tv. Hipnótico, é capaz de capturar com seu raio trator milhões de telespectadores. Tá certo, estamos num mundo capitalista; programas de tv, assim como filmes, novelas, suplementos literários, peças de teatro, livros, discos, shows... Toda a produção cultural precisa do combustível que move o sistema: dinheiro. Mas por que só o BBB é condenado?

E o Faustão e outros programas de auditório? Pior esgoto cultural da TV mundial!
O BBB é montado pra gerar lucro em cima das ligações telefônicas, que bateram recorde na edição encerrada ontem. Reflexo de audiência também arrasadora. Se ta ruim assim, você tem uma ótima opção: pastor R.R. Soares! Sim, por que nenhum dos que criticam o BBB estava ligado na TV Cultura no mesmo horário. Por que será? Por que não elogiar um bom filme ou programa de interesse relevante para os intelectuais e intelectualóides?

A grande piada é que parte da massa que critica o BBB é ávida consumidora de um fenômeno tão fabricado e alimentado por grandes empresas quanto o Big Brother: a micareta, mosca transmissora da axé music (ou trio-music).

É o sujo falando do mal-lavado.

Quanto ao mito da manipulação: piada infantil. A edição manipula tanto quanto o direcionamento ideológico que jornalistas “consagrados” costumam injetar em seus artigos de combate ao BBB. Todo jornalista edita. E a seu modo, todo cidadão também o faz ao se comunicar.

Costumam atacar os participantes do BBB sem qualquer tipo de respeito. Como se não fossem cidadãos que vivem numa democracia e que têm direito de se inscrever em um programa de TV e disputar um prêmio que pode mudar suas vidas completamente. Que mal há nisso? Quantos dos que criticam não engordam as filas da mega sena nas lotéricas?
E os artistas, muitos da mesma emissora que veicula o BBB, costumam dar entrevistas diminuindo a inteligência de quem participa e de quem assiste ao programa. Ar de superioridade. Mas por quê? No horário do BBB não passa novela!

Por que eles não têm peito de criticar a ditadura dos tele-evangelistas que engole programações inteiras, e avança palas madrugadas em redes de televisão com tradição em fazer coisa séria, como a Band!?

O ser humano nunca foi um ser social. Exatamente por isso ele quer a lei sempre a favor dele. Se estiver na Record vai abraçar evangélicos e falar miúdo. Se estiver na Globo, vai elogiar e se orgulhar de dividir a pizza do domingo com o Faustão. Ah, essa gente... Se estiver no DF vai fornecer panetones. Se estiver longe de lá, vai ser justiceiro de cuecas sem dólar!

Televisão é acima de tudo entretenimento. Ninguém reclama quando acaba de assistir a “Transformers” no cinema, resmungando que faltou densidade aos diálogos e um sentido humanista aos robôs. Mas quem sai de casa para assistir a um filme como “As Horas” ou “Lavoura Arcaica”?

Os maiores detratores do BBB são os que só aceitam a diversidade quando têm a cara deles.
Dão importância demais a um jogo na televisão.
Parem de ver o BBB e façam a Cultura sair do traço!
Controle remoto na mão sempre. O poder está em nossas mãos.
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segunda-feira, março 29, 2010

ARMANDO NOGUEIRA E O TEXTO DE QUALIDADE

Eu não conheci Armando Nogueira pessoalmente, mas o legado dele para quem cuida da palavra no telejornalismo brasileiro é tão cristalino quanto a paixão dele pelo futebol.

Quem é da época em que para ser jornalista era necessário caprichar na escrita, no uso adequado das palavras, na técnica que transformou o texto granítico e inútil do noticiário antiquado dos velhos jornais e das rádios em ferramenta de COMUNICAÇÃO. Não adianta guardar para si o eruditismo. O jornalismo nasceu para informar, não para esconder, impor, exibir, omitir; muito menos mentir.

Frases curtas. Palavras curtas. Linguagem coloquial, mas de conteúdo. O chamado PADRÃO, tão criticado pelos preguiçosos e incompetentes, nada mais é do que profissionalismo. Trabalhar o texto. Suar o texto. Não se contentar com a primeira versão do texto. Transformar os dialetos (mediquês, economês, culturês-cultureba, oficialês) em português. COMUNICAR. Sem ser vulgar, sem sensacionalismo, e com qualidade.

Comunicar. A grande lição de Armando Nogueira. Nem meia palavra, nem muitas.
Para o bom telespectador, poucas palavras bastam.

Uma lição que inspirou muitos talentos do texto do nosso telejornalismo: Ernesto Paglia, Neide Duarte, Joelmir Beting, e toda uma safra de editores de telejornais, ilustres desconhecidos mestres da língua portuguesa, que deixam em seu trabalho diário a marca da objetividade e até da poesia a serviço da melhor informação possível.

A morte de Armando Nogueira deixa as palavras mais pesadas; e o jornalismo, meio sem ponto.

FALTA MARKETING AO FUNORTE

Tarde de sábado. Jogo importante do Funorte contra o Araxá no estádio José Maria Mello. O jogo foi bom. Os dois times com vontade de fazer gol e com boas jogadas, principalmente no segundo tempo. Quem não foi perdeu. E olha que tinha lugar de sobra. Público animado, mas mirrado, ajudou a empurrar o time.

Mas como exigir que o sujeito saia de casa sem estrutura a oferecer? Uma parceira da Prefeitura com o Funorte e uma eficiente ação de marketing (envolvendo patrocinadores da equipe), poderia atrair um público maior. Se o montes-clarense vai ao vôlei, muitas vezes sem sequer entender completamente o jogo, imagine então como seria no futebol?

O Funorte está jogando bem. E não é de hoje. Mas uma ajudinha vai bem. Distribuição de brindes (bolas, uniformes, bicicleta); uma pintura e um maior conforto nas arquibancadas; torcedor tem de ser tratado como rei. É ele quem empurra o time. Quem ajuda a bancar o futebol. Final de jogo, por que não os jogadores chegarem perto da arquibancada e agradecer o apoio? Ainda mais depois de uma boa atuação.

Queiram aceitar ou não, esporte é também espetáculo. Quem paga quer e merece ver show; festa; diversão. Se cartolas, atletas e empresas não acordarem para essa estratégia, vão morrer resmungando que "esporte nao dá dinheiro", que "publicidade é gasto", quando todos nós já provamos e comprovamos que tudo isso é INVESTIMENTO.

HUMOR OU GOZAÇÃO?

O Brasil tem hoje uma supersafra de comediantes e humoristas. Os programas de TV ganham cada vez mais espaço. Os chatos da tal comédia em pé aparecem a todo instante, até em programas musicais. O texto é sempre o mesmo, só muda a tal mania que eles querem ridicularizar. E tem também os que se proclamam inovadores, de humor inteligente, e se acham talentosos.

Senhores de si – e do mundo – por ganharem a oportunidade de usar microfone, câmera e cavar espaço em uma rede nacional, incorporam agentes da lei e da ordem e ainda se julgam parte da imprensa. Imprensa tem como objetivo INFORMAR. O que eles pretendem, mesmo quando acertam, é fazer rir. É o sarcasmo. CQC e Pânico pertencem a um “novo humor” que já nasce enterrado. É a piadinha sem graça que cada um conta na esquina.

Quem de nós realmente consegue rir dessa gozação na televisão? Eles não percebem, mas ao tentar ridicularizar quem quer que seja, de personalidades (e até mesmo grandes nomes da nossa cultura) a cidadãos desavisados (barra pesada mesmo é raridade) acabam revelando o quão ridículos são eles próprios na busca desenfreada e tola por um espaço na mídia.

Você consegue rir ao ver um “repórter” gritar do meio de uma multidão o nome de Brad Pitt no Festival de Cannes, e se vangloriar de o ator ter acenado pra ele? E daí? Não à toa, o CQC, assim como o Pânico, vem beirando o lugar que a eles pertence no latifúndio do Ibope: traço. Um traço bem sem graça.

Dia desses me peguei rindo de verdade. Foi no jurássico “A Praça é Nossa”. Tive bons motivos. Era o genial Saulo Laranjeira e sua cartola de surpresas com a qual toda semana renova a roupagem do senador que é a cara dos nossos políticos.

"CORTE INDEVIDO"

Um choque sem energia. Cheguei dias desses em casa e ao abrir a porta descobrir que estava sem luz. Cemig cortou. Motivo bem claro no aviso que o cachorro não mastigou: não paguei a conta de janeiro. Como sou tonto mesmo. Às vezes pago a mesma conta duas vezes. Às vezes pulo uma e pago a que não venceu. Às vezes pago atrasadão mesmo! No dia seguinte fui à caça do arquivo morto, em meio à água que jorrava da geladeira. Puto com a noite perdida sem ver emails, sem fazer trabalho e me divertir na internet; e sem ver TV. Encontrei a conta PAGA!!!

Liguei para a “companhia energética que mais isso-e-aquilo faz no mundo”. Meia hora depois de espera, anotação de protocolo, senhor Ricardo pra cá, senhor Ricardo pra lá, a moça robótica confirmou o “corte indevido”. Religação dentro de quatro horas. E só. Nenhum pedido de desculpas – nem com voz de pinto dentro do ovo! E meu prejuízo? Tudo que perdi na geladeira. Textos que não pude fazer. As notícias que tinha para ler. O banho frio!

Tudo isso me fez pensar que Aécio Neves tomou a melhor decisão política da vida dele ao não se candidatar à Presidência da República. O Brasil precisa de um choque de cidadania.
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INFRAÇÃO CHIQUE

Uma novidade para quem enfrenta a sempre irritante corrida de obstáculos nas calçadas de Montes Claros. Pedestre acostumado a fazer zigue-zague entre mesas e cadeirinhas de plástico dos barzinhos, não pode deixar de passar à noite na região da avenida Mestra Fininha, bem perto da Superintendência Regional de Ensino. Ali, você pode se dar ao luxo de desviar de mesas e cadeiras de madeira feitas no capricho.
E tem mais. A segunda pista da avenida é transformada em estacionamento de carrões, apesar de os restaurantes oferecerem garagem para clientes. Ainda não vi Polícia Militar ou MC-Trans com moral para fazer a lei parar no lugar certo.