quinta-feira, abril 08, 2010

Email de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui

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Segue abaixo, na íntegra, comentário de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui. Ele tentou postar como comentário, mas não conseguiu, talvez pelo tamanho do texto. O comentário se refere ao meu artigo intitulado "Vôlei - polêmica e legados".

"Meu caro Ricardo Freitas,

Você é um dos poucos jornalistas de Montes Claros de quem ainda vale a pena a gente discordar, visto que a grande maioria, por falta de capacidade ou apego à bajulação, não me estimula a comentários. Eu e Tadeu Leite, por motivos diferentes, estamos comemorando a volta do seu blog.

Não conhecesse você como conheço, diria que seu comentário a respeito do vôlei faz parte do processo de cooptação da imprensa levado a cabo pelo atual prefeito. Garanto que muitos, que não sabem o que lhe move na profissão, pensarão isso. Imagino que Tadeu está gostando do que você escreveu porque as pessoas sérias – não as levianas, mas as sérias – sabem o que existe por trás do espetáculo, e concordo, é um espetáculo, que é esse time de vôlei.

São votos vencidos os que questionam a forma como do dia para a noite Montes Claros ganhou uma das melhores equipes de vôlei do Brasil. Até então, o projeto de Tadeu tinha o apoio “apenas” da massa festiva, ávida por pão e circo, mas agora contente por pelo menos o circo, entusiasmada que está com os holofotes que se voltaram para a cidade; e dos que manipulam essa mesma massa, com intenções nem um pouco nobres.

Pois bem: ganharam o reforço de alguém que, em que pese as discordâncias que tenho de algumas de suas posições, é um sujeito sério.

Entretanto, sua análise é bem-intencionada, quase ingênua. Eu também gosto muito de vôlei e, assim como você, acho os caras legais. Agora, sentir orgulho? Me poupe, meu caro Ricardo. Mesmo que a formação desse time tivesse levado em conta os aspectos legais e morais, seria exagero falar em orgulho.

Falta muito para chegarmos ao ponto de nos orgulhar da nossa cidade, visto que Montes Claros vive um estado de incrível abandono, revelado nos caos do transporte público, da saúde (epidemia de dengue e casos de calazar, doença que se imaginava erradicada, e de gripe suína), da educação (escândalo do superfaturamento da merenda escolar), da assistência social, da falta de obras e de projetos, das omissões que estão impedindo o envio de recursos federais para o município etc.

Ou isso é obra de ficção, um delírio da oposição, ainda com dor de cotovelo por ter perdido a eleição? Para o bem da população, bom seria que fosse. Não, meu caro. Pelo menos por enquanto não há motivos para sentirmos orgulho. Muito menos por um time de vôlei financiado com dinheiro público, via Funadem, fundação criada, de acordo com seu estatuto, para desenvolver ações de cidadania e direitos humanos; atendimento a crianças, idosos, adolescentes e portadores de deficiência; para promover a cultura e a defesa do meio ambiente e do patrimônio histórico.

E que, por isso mesmo, não poderia destinar o volume de recursos que destinou para pavimentar o caminho político do filho do prefeito, Luiz Tadeu Martins Leite. Compreensivelmente, o pai não poderia esperar o tempo que essas iniciativas precisam para frutificar. Por isso, optou por algo grande, visto que a eleição bate à porta.

O time, que agora se chama “Montes Claros/Bonsucesso” (não vão gostar de você ter mantido o Funadem lá), tem como diretor o dito filho, o que a lei veda. O nome dele foi retirado dos releases de divulgação depois que o jornal DAQUI denunciou o fato, mas continua nos documentos da Funadem. A lei também veda que, nessa situação, a equipe receba dinheiro público e que os agentes públicos se utilizem de verba para custear publicidade em que estes façam autopromoção, se utilizando do time de vôlei, como ocorreu, e de forma abusiva.

Essas e outras irregularidades configuram improbidade administrativa e também ferem o princípio da impessoalidade no trato da coisa pública, razões pelas quais estão sendo investigadas pelo Ministério Público.

Nada contra Lorena e os demais que você citou, e nem é tão importante o fato de os jogadores não serem de Montes Claros. Eles são profissionais e estão fazendo o trabalho deles, para o qual estão sendo muito bem remunerados, diga-se de passagem. Você tem razão. O time também não é uma farsa e ninguém está entrando numa “fria” voluntariamente, é óbvio. Trabalham com tino empresarial e estão indiferentes à questão política e sua consequência para a cidade.

E de forma alguma sairão chamuscados caso as investigações cheguem a alguma maracutaia, já que da parte deles o paradigma é outro. Encaram com seriedade, até prova em contrário. A questão é mais ampla, meu caro. Não se resume às alegações que você aprendeu e repete tão bem. Na situação idealizada por você para versar sobre o Montes Claros/Funadem, o prefeito Tadeu foi “convencido” a encampar o projeto. Então, tá.

Para os homens de boa vontade, também peço que esperem. Que dêem tempo ao tempo. O jogo, realmente, está apenas começando."

www.daquimoc.blogspot.com
daqui.jornal@gmail.com

5 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Waldo, pela sua coragem. O Daqui é o único jornal de Montes Claros que tem coragem de colocar o dedo na ferida. Os outros são farinha do mesmo saco porque recebem mensalinho da Prefeitura. O caso está sendo investigado pelo MP depois da denúncia do Comitê de Combate à Corrupção de Montes Claros.

Prof. Rogério Fagundes disse...

ôh! Santa Dicotomia conformada...É admissível e admirável a defesa de qualquer ideologia, seja ela política, profissional, filosófica, ou até mesmo sexual, mas vendo que é comum aos desconhecidos, desde a infância, acometer o erro na interpretação da palavra 'orgulho' resolvi pronunciar-me.
Caro, "editor" do Daqui, talvez pela simplicidade, e eu o conheço assim, nosso caro amigo Ricardo, tentou se expressar a respeito do sentimento de Honra definido pelo nosso saudoso Aurélio Buarque como sendo "Sentimento de nossa dignidade moral, glória, estima que acompanham a virtude e o talento, distinção, mercê, consideração, Reputação" ou ainda "Fazer honra, exaltar, elogiar, ter a honra de, fórmula de cortesia"... E não o de orgulho, que por definição é o elevado conceito que alguém faz de "si próprio". Amor-próprio exagerado. Brio. Altivez, soberba. Ufania...

Ricardo, assim que o narrador da Band disse que nunca havia visto tantos email's de uma mesma cidade para um time, senti naquele momento a honra de ser montesclarence, filho deste lugar onde a dicotomia política muitas vezes estraga a admiração pelo nosso construir. Pouco me importa se é Tadeu, Jairo, Gil ou Athos que patrocinou o time, pois devemos ter adversários políticos. Não inimigos.
Quando eu descobri que a prefeitura de São Bernardo do Campo também patrocina o BVC, (e ela já az isso a um bom tempo), tive mais um motivo para honrar e defender 'nosso time'.
Bem, o que eu queria deixar registrado aqui, é que não devemos ter orgulho deste time e sim honra, afinal, não somos melhor do que ninguém. Parabéns Ricardo pela sua distinta honra!

Anônimo disse...

Parabéns Ricardo pela reportagem... Cada temporada que passa tenho mais orgulho ainda do volei de Montes Claros... Quando vejo os comentaristas elogiar a minha querida cidade é maravilhoso. É uma pena pessoas como esse editor do jornal Aqui tentar manchar algo tão belo apenas por questões politicas. O Brasil não vai para frente por causa desse tipo de gente igual a esse editor que colocam acima de tudo os seus interesses politicos. Parabens para você Ricardo e para o FUNADEM Montes Claros....

Anônimo disse...

Parabéns Ricardo pela reportagem... Cada temporada que passa tenho mais orgulho ainda do volei de Montes Claros... Quando vejo os comentaristas elogiar a minha querida cidade é maravilhoso. É uma pena pessoas como esse editor do jornal Aqui tentar manchar algo tão belo apenas por questões politicas. O Brasil não vai para frente por causa desse tipo de gente igual a esse editor que colocam acima de tudo os seus interesses politicos. Parabens para você Ricardo e para o FUNADEM Montes Claros....

Jose disse...

Sou funcionário de transporte coletivo, venho observando o trabalho da MCtrans, que é deficiente, e seus agentes de trânsito são incompetentes, como acontece no ponto de ônibus no Dio Colares, existe placa de proibido parar e estacionar, mas mototaxistas ignoram, mesmos com a presença de agentes de trânsito que também ignoram, isso sem falar da rua Coronel Joaquim Costa, próximo ao cruzamento da rua D. Pedro II, motoqueiros ultrapassam por cima da calçada de pedestres, pondo em risco a vida dos mesmos.