sexta-feira, abril 09, 2010

Vôlei, jornalismo e política - polêmica poliesportiva

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Como todos puderam ler abaixo o artigo de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui, ele não concordou com algumas de minhas posições expostas no artigo sobre o vôlei. Em resposta rápida via email, expliquei que meu texto se apóia especificamente no esporte.
Agora, depois de devidamente ter dado a ele o espaço para que também se expresse, vou esclarecer e comentar alguns pontos.

Bom, primeiro agradeço a Waldo os elogios à minha carreira. E sei, sem falsa modéstia, que não são gratuitos, já que nunca tive qualquer tipo de relação sequer digna de suspeita com qualquer grupo político. Muito ao contrário, sempre evitei maiores contatos e até mesmo propostas de assessoria; até mesmo quando estive desempregado. Óbvio que não há nada de errado em trabalhar como assessor. Desde que exercido com postura ética, todo e qualquer trabalho é digno e louvável.

Mas preciso deixar claro que, quando cito comentários levianos, me refiro a gente do meio do esporte ou aqueles que vivem resmungando e transferindo para o sucesso de outros o peso da própria frustração. Eu não sabia, como ainda não sei exatamente, da existência de denúncias de irregularidades ligadas ao apoio da prefeitura de Montes Claros à equipe de vôlei.

Também não vou aqui "defender" a parceria da Funadem com a Prefeitura. Primeiro por que não é meu trabalho, e segundo porque não tenho informações suficientes nem mesmo para tomar qualquer posição sobre o assunto, já que não tenho conhecimento das supostas irregularidades.

Não vejo também, meu caro Waldo- embora sabendo do respeito que você diz ter por mim e do peso extra que a palavra é capaz de ganhar -, necessidade para o tom de alguns de seus comentários sobre o meu texto. Por exemplo, não vejo erro ou crime em se ter apoio da "massa festiva, ávida por pão e circo", já que promover grandes eventos virou mania em todos os municípios do país. É micareta quase todo mês em todo lugar, até mesmo em cidadezinhas que não têm retorno de ICMS suficiente nem mesmo para pagar as próprias despesas. Onde há irregularidade que se denuncie, que seja acionado o Ministério Público, como você nos informou, e nos resta torcer para que haja punição aos responsáveis. A expressão "massa festiva..." pareceu meio preconceituosa. Eu que detesto axé music que tenho que admitir que é triste ver tanta verba pública aplicada nessas micaretas, uma prática repetida há muitos anos também em Montes Claros, por vários prefeitos. Mas temos de admitir que lazer está entre as necessidades da população. Sinto falta de música, mas isso é outro assunto. Se a maioria dos cidadãos gosta tanto de axé, dá-lhe axé. Mas concordo com você que projetos de lazer, bem como até mesmo serviços essenciais, podem - na maioria das vezes são- ser usados também para obtenção de votos.

Quando citei sobre o orgulho desta cidade, não me referia à administração Luiz Tadeu Leite. Montes Claros está acima disso para mim. Quem convive comigo sabe bem o quanto critico a situação do município inteiro, e também quanto amo esse lugar. Luiz Tadeu Leite foi prefeito outras vezes e testemunhei muitas de suas ações como administrador público. A cidade ficou o ano passado quase toda parada. Quem acompanha o Jornal Geraes, do qual sou editor, sabe bem o sofrimento de quem precisou de assistência médica; os cortes de pessoal no serviço público - atitude que apóio, desde que bem planejada - resultaram no desmonte de equipes como a centro de controle de zoonoses, que aparentemente chegou perder o controle do combate aos focos do aedes aegypti. Os índices dispararam, como foi noticiado pela imprensa. A Olibamoc, anunciada no segundo semestre do ano passado, murchou. Outros esportes esperam um apoio tão forte quanto o dado ao vôlei. As trapalhadas na implantação do sistema de integração do transporte coletivo. Enfim, há uma série de outros pontos a se criticar na atual administração. Mas não era disso que eu estava falando no texto.

Eu não quero aqui entrar em polêmica quanto à relação jornalismo e política, mas você não pode e nem deve esperar de mim um posicionamento igual ao seu. Você trabalhou na assessoria da administração Athos, derrotada nas últimas eleições municipais; você é editor de um jornal que investe de forma panfletária contra a atual administração e até de forma ofensiva ao prefeito Luiz Tadeu Leite. Visitei o site do jornal Daqui e, ainda que venham a ser comprovadas as acusações e denúncias que ele estampa, sou terminantemente contra esse estilo de jornalismo. Até mesmo, Waldo, porque ele fere a si próprio.

Cidadão comum, despido de posturas anti-Athos e anti-Tadeu, pode não dar crédito às denúncias, justamente pela forma sensacionalista com que elas estão expostas. Eu até entendo que seja um tipo de trabalho de marketing direcionado ao que você chama de "massa ávida por pão e circo", e se for assim, vocês podem estar cometendo o mesmo tipo de pecado de quem tanto criticam. Pior ainda, derruba o valor do trabalho de apuração que você e sua equipe tiveram para produzir as reportagens e levantar denúncias que, volto a repetir, espero sinceramente sejam rigorosamente investigadas.

Olha só o que você disse: "Não se resume às alegações que você aprendeu e repete tão bem. Na situação idealizada por você para versar sobre o Montes Claros/Funadem, o prefeito Tadeu foi “convencido” a encampar o projeto. Então, tá."

Aqui te respondo como ex-colega de trabalho, presumo que se refira ao modo como falo sobre o vôlei. Por isso, quanto às tais alegações, eu não aprendi com ninguém e conseqüentemente não as repito. Eu não fecho com grupos. Aprendi a pensar sozinho desde cedo. Claro que isso pode me levar a atos de ingenuidade, mas não gosto muito da idéia de seguir grupos. A minha opinião naquele texto é a de um cidadão/jornalista que viveu toda uma época, e de certa forma ainda vivo, no meio esportivo. Pode ser difícil de entender, se não se ama o esporte. Políticos, de maneira geral, não levam o esporte a sério. Foi assim em todas, repito TODAS, as administrações municipais que acompanhei em Montes Claros.

Para terminar, deixo claro que mantenho meu apreço por você, não pelos elogios, mas por acreditar que se trata de uma pessoa inteligente. E isso é importante porque você vai saber entender que nossa batalha, mesmo travada em campos distantes, (desde que tenha como única finalidade a luta pela cidadania e por uma cidade melhor em todos os sentidos) é a mesma. E sendo assim, estaríamos ambos na mesma jogada.

quinta-feira, abril 08, 2010

Email de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui

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Segue abaixo, na íntegra, comentário de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui. Ele tentou postar como comentário, mas não conseguiu, talvez pelo tamanho do texto. O comentário se refere ao meu artigo intitulado "Vôlei - polêmica e legados".

"Meu caro Ricardo Freitas,

Você é um dos poucos jornalistas de Montes Claros de quem ainda vale a pena a gente discordar, visto que a grande maioria, por falta de capacidade ou apego à bajulação, não me estimula a comentários. Eu e Tadeu Leite, por motivos diferentes, estamos comemorando a volta do seu blog.

Não conhecesse você como conheço, diria que seu comentário a respeito do vôlei faz parte do processo de cooptação da imprensa levado a cabo pelo atual prefeito. Garanto que muitos, que não sabem o que lhe move na profissão, pensarão isso. Imagino que Tadeu está gostando do que você escreveu porque as pessoas sérias – não as levianas, mas as sérias – sabem o que existe por trás do espetáculo, e concordo, é um espetáculo, que é esse time de vôlei.

São votos vencidos os que questionam a forma como do dia para a noite Montes Claros ganhou uma das melhores equipes de vôlei do Brasil. Até então, o projeto de Tadeu tinha o apoio “apenas” da massa festiva, ávida por pão e circo, mas agora contente por pelo menos o circo, entusiasmada que está com os holofotes que se voltaram para a cidade; e dos que manipulam essa mesma massa, com intenções nem um pouco nobres.

Pois bem: ganharam o reforço de alguém que, em que pese as discordâncias que tenho de algumas de suas posições, é um sujeito sério.

Entretanto, sua análise é bem-intencionada, quase ingênua. Eu também gosto muito de vôlei e, assim como você, acho os caras legais. Agora, sentir orgulho? Me poupe, meu caro Ricardo. Mesmo que a formação desse time tivesse levado em conta os aspectos legais e morais, seria exagero falar em orgulho.

Falta muito para chegarmos ao ponto de nos orgulhar da nossa cidade, visto que Montes Claros vive um estado de incrível abandono, revelado nos caos do transporte público, da saúde (epidemia de dengue e casos de calazar, doença que se imaginava erradicada, e de gripe suína), da educação (escândalo do superfaturamento da merenda escolar), da assistência social, da falta de obras e de projetos, das omissões que estão impedindo o envio de recursos federais para o município etc.

Ou isso é obra de ficção, um delírio da oposição, ainda com dor de cotovelo por ter perdido a eleição? Para o bem da população, bom seria que fosse. Não, meu caro. Pelo menos por enquanto não há motivos para sentirmos orgulho. Muito menos por um time de vôlei financiado com dinheiro público, via Funadem, fundação criada, de acordo com seu estatuto, para desenvolver ações de cidadania e direitos humanos; atendimento a crianças, idosos, adolescentes e portadores de deficiência; para promover a cultura e a defesa do meio ambiente e do patrimônio histórico.

E que, por isso mesmo, não poderia destinar o volume de recursos que destinou para pavimentar o caminho político do filho do prefeito, Luiz Tadeu Martins Leite. Compreensivelmente, o pai não poderia esperar o tempo que essas iniciativas precisam para frutificar. Por isso, optou por algo grande, visto que a eleição bate à porta.

O time, que agora se chama “Montes Claros/Bonsucesso” (não vão gostar de você ter mantido o Funadem lá), tem como diretor o dito filho, o que a lei veda. O nome dele foi retirado dos releases de divulgação depois que o jornal DAQUI denunciou o fato, mas continua nos documentos da Funadem. A lei também veda que, nessa situação, a equipe receba dinheiro público e que os agentes públicos se utilizem de verba para custear publicidade em que estes façam autopromoção, se utilizando do time de vôlei, como ocorreu, e de forma abusiva.

Essas e outras irregularidades configuram improbidade administrativa e também ferem o princípio da impessoalidade no trato da coisa pública, razões pelas quais estão sendo investigadas pelo Ministério Público.

Nada contra Lorena e os demais que você citou, e nem é tão importante o fato de os jogadores não serem de Montes Claros. Eles são profissionais e estão fazendo o trabalho deles, para o qual estão sendo muito bem remunerados, diga-se de passagem. Você tem razão. O time também não é uma farsa e ninguém está entrando numa “fria” voluntariamente, é óbvio. Trabalham com tino empresarial e estão indiferentes à questão política e sua consequência para a cidade.

E de forma alguma sairão chamuscados caso as investigações cheguem a alguma maracutaia, já que da parte deles o paradigma é outro. Encaram com seriedade, até prova em contrário. A questão é mais ampla, meu caro. Não se resume às alegações que você aprendeu e repete tão bem. Na situação idealizada por você para versar sobre o Montes Claros/Funadem, o prefeito Tadeu foi “convencido” a encampar o projeto. Então, tá.

Para os homens de boa vontade, também peço que esperem. Que dêem tempo ao tempo. O jogo, realmente, está apenas começando."

www.daquimoc.blogspot.com
daqui.jornal@gmail.com

quarta-feira, abril 07, 2010

DIA DO COZINHEIRO

Sete de abril, dia do jornalista. Melhor ser jornalista e não ser engolido como profissional pelo senhor Gilmar Mendes, do que ser ministro do STF querendo aparecer mais que as notícias. O cozinheiro aqui lhe deseja, bom apetite, "ministro".

Aproveito a oportunidade para parabenizar os companheiros dos jornais, emissoras de rádio e tevê, blogs, sites, estudantes e professores de jornalismo e, claro, os assessores de comunicação de empresas e órgãos públicos que, não podem nunca se esquecer de que são também jornalistas.

Minha vontade era presentear a todos nós com uma panela Tramontina para fazer jus ao infeliz e mal informado STF, em especial ao ministro Gilmar Mendes, que nos transformou em cozinheiros. Se não fosse um prato tão indigesto, esse inimigo do profissionalismo no trato da notícia cairia bem dentro da panela de pressão em que nos meteu.

A situação hoje só tende a se agravar. Profissionais mal pagos, trabalhando sem condições humanas ideais, sem equipamentos necessários para o exercício da profissão; não raro, tendo como chefes sujeitos que não têm a mínima noção do que venha a ser notícia! Não raro, sendo obrigado (por questões de sobrevivência) a suportar agressões verbais de "coronéis" perdidos no tempo e no espaço, mas abalizados pela teia impiedosa da troca de favores, verbas e sobrenomes tecida pelas aranhas que infestam os corredores da justiça (com e sem mandados) e da política (com e sem mandatos).

Hoje é dia de comemorar o fato de que essa gente ainda não matou tesão pela notícia honesta, bem feita, bem apurada e redigida, que sobrevive em pontos isolados de algumas redações deste país.

Basta de jornais que se transformaram em panfletos dos próprios donos, sejam eles políticos, religiosos, empresários ou até mesmo "jornalistas". Basta de assessores que ganham a vida como puxa-sacos. Basta de engajadinhos com NBA´s e mestrados em teorias da conspiração. Basta de emissoras de televisão, como a Inter TV, que não têm o JORNALISMO e o JORNALISTA como base de trabalho e investimentos.

Abram as carteiras e procurem, caros colegas: cadê os salários?
Vale mesmo a pena ganhar esmola pra puxar saco de valentões?

Abram os jornais, liguem a tv e procurem, caros colegas:
Cadê a notícia, gente?

Falta à nossa imprensa cumprir verdadeiramente sua missão de informar com respeito e compromisso com a cidadania.
E profissionais com essa visão, não se encontra na esquina, muito menos de paga com a merreca que estamos recebendo.
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terça-feira, abril 06, 2010

VÔLEI - polêmicas e legados

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A classificação do Bonsucesso/Funadem para as quartas-de-final da Superliga Nacional de Vôlei tem um sabor especial para quem torce pelo esporte em Montes Claros. Os caras são legais, atletas de alto nível, mas mais que isso: mesmo não sendo montes-clarenses, fizeram parte da população voltar a ter orgulho da cidade que a gente tanto ama.

Assisti à maioria dos jogos disputados no ginásio Tancredo Neves, mas talvez não como o grande público que lota a arquibancada. Fico meio bobão. Olhar atento ao jogo, como um analista esportivo, e pensamento longe... Para dentro de mim. Ex-"atleta" de Jogos do Interior, tinha meus ídolos no esporte nacional, como Hortência, Paula, Bernard, Oscar Schmidt, Marcel, Piquet, etc.

Mas tinha também ídolos locais. Sim, o vôlei local já produziu nomes de destaque como Montalban (ex-Minas), Johnson Caires (ex-Sadia, uma das pioneiras no apoio ao vôlei), e Charlão (ex-Palmeiras). Esses caras fizeram história e ajudaram a despertar aqui a paixão que se espalhava por todo o país com a chamada geração de prata do vôlei. Sim, a cidade já viveu uma febre de vôlei, com a Copa Deusdará, que tinha rivais tradicionais como as equipes do Montes Claros Tênis Clube e o Canarinho, do bairro Morrinhos. Rolava sempre bate-boca e até brigas nos jogos decisivos. A torcida vibrava. Os atletas passavam o ano todo à espera da Copa e dos Jogos do Interior.

Essa geração "Deusdará", sem dúvidas, parece ter ficado encubada no coração dos amantes do esporte em Montes Claros. Basta prestar atenção ao público com maior cuidado, e a gente descobre aqui e ali um Mazinho (nosso mestre veterano, professor de educação física, e sempre atuante na coordenação das equipes dos Jimi), craques como Rednilson (atacante que parecia voar na quadra), Dedéi (levantador titular no Canarinho e em muitas edições dos Jimi), e muitos outros grandes nomes do nosso esporte (do vôlei, tênis de mesa, handebol, basquete, futsal); uma turma que está sempre no ginásio torcendo pelo bom sucesso do Funadem.

Muitos dizem: Putz! Mas esse time não é de Moc. Como não é? Ele foi formado aqui, meus amigos. Em nenhum lugar do mundo (e o futebol é prova disso), equipes de alto nível têm apenas atletas da cidade que representam. Claro que gostaríamos de ver Charlão, Rednilson, Johnson, Dedéi e todos no time. Mas uns já passaram da idade. Outros não tem altura e outras exigências que o façam competitivo. Estaríamos de ginásio vazio, sem patrocínio, e sem sequer vaga na segunda divisão da Superliga.

O caminho para formação de novas gerações é mesmo lento. Vamos ter paciência. Vítor, que é jogador de alto nível e um dos responsáveis pela montagem da equipe, é da cidade, e sabe bem disso. O que me surpreende foi ver que conseguiram convencer Tadeu Leite a apoiar a equipe. Justo ele, que ajudou a expandir as fronteiras do esporte para a periferia com as olimpíadas de bairros, em seu primeiro mandato, mas não deu estrutura ao esporte. Já deixou de malas nas mãos, feito palhaços, atletas que pediram licença do trabalho para defender a cidade nos Jogos do Interior. E ainda assim, vi muitos deles, como as turmas do handebol (Francis e cia.) e do tênis de mesa (eu, Randall, Rodrigo, Rílston) saírem correndo já naquela noite para encontrar um meio de representar Montes Claros na competição.

Acredito que Tadeu Leite tenha sim, se rendido ao projeto como meio de divulgar a cidade nacionalmente. Mas não gosto quando fazem comentários levianos sobre a verba que o time de vôlei recebe. Há um projeto ali. E parece ser mesmo sério. A Confederação Brasileira de Vôlei e sua organização são modelos para o mundo. A CBV Não cairia numa farsa.

A equipe é realidade, e já se classificou entre as três melhores da primeira fase da Superliga, que é hoje uma das três mais importantes competições nacionais de vôlei. O nível é altíssimo. Estrelas como Fabrício "Lorena" Dias e Rodriguinho não viriam aqui, nessa terra tão quente, para entrar numa fria. Marcelo Mendez (argentino que comandou a seleção da Espanha nas Olimpíadas de Pequim) e Talmo de Oliveira (campeão olímpico em Barcelona´92 - é pouco?) não arriscariam seus nomes, suas carreiras em uma aventura leviana.

Claro que times de vôlei e basquete ainda sofrem com falta de patrocínio. Mas quem peita uma Superliga já no primeiro ano de nascimento, tem que ter nos bastidores uma grande equipe para ações de marketing e captação de recursos. Se conseguiram convencer um prefeito em Montes Claros, já dou nota dez para essa turma. O legado do Bonsucesso/Funadem não está apenas no placar ou no ginásio lotados. A coisa toda gera empregos diretos e indiretos. Cria oportunidades de estágio. Para a imprensa, a oportunidade cobrir grandes eventos. De receber em Montes Claros aparatos para transmissão nacional, ao vivo. Na assessoria, lições de competência, organização e profissionalismo que deveriam ser seguidas por muitos de nossos companheiros.

Voltando à questão da formação, as escolinhas do projeto Viva-vôlei já são realidade em Montes Claros e várias outras cidades brasileiras. São crias da CBV, mas em parceria com os municípios. Essa é a grande sacada! Botar a meninada no mundo do esporte, para evitar que caiam na rede da violência e que não deixem de marcar pontos na escola.

Já vi muita gente falar mal do vôlei. Até mesmo gente do meio esportivo. Não cai bem.
Ficar desdenhando de um esporte em favor de outro. Que os demais "cartolas" façam e apresentem PROJETOS, em vez de ficarem esperando que chova patrocinadores.
Atleta quer jogar, empresa quer vender. Chorar inveja ou insistir na cachaça da preguiça não faz a bola rolar, não! Procurem se informar sobre elaboração de projetos e assumam a luta. Chega de pedir trocados e não apresentar notas fiscais. É preciso planejar muito, pedir muito, e prestar contas. Fazer uma grande jogada!

Para os céticos, eu peço que esperem. Que dêem tempo ao tempo.
O jogo está apenas começando.
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segunda-feira, abril 05, 2010

JORNALISMO "UNIVERSAL" E PEDOFILIA

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Domingo de páscoa. Ovos de chocolate, bacalhau,e dá-lhe Domingo Espetacular especial na Record.O assunto: padres católicos pedófilos. Eu e a torcida do Flamengo bem sabemos que a idéia é usar o jornalismo da emissora para "vender" a Igreja Universal do Reino de Deus e pregar contra a igreja Católica.

Mas o pior é que os padres dão carga para o inimigo. Os suspeitos chegam a gravar entrevistas dizendo que pegaram nos pintinhos dos meninos! O programa da emissora do pastor Edir Macedo informou que as denúncias não seguem adiante; que a Igreja Católica não dá importância nem pune. O depoimento do pai de um menino que teria sido molestado por um padre reforça a afirmação. Muitos estão, não apenas soltos mas ainda rezando missas, celebrando casamentos...

O legal nisso tudo é que a Record - claro que por interesse próprio - deu seqüência às investigações feitas pela equipe de Roberto Cabrini, apresentadas em seu primeiro programa de volta ao SBT. A situação é grave. O estrago que esse tipo de crime faz na vida da criança, e de toda a família, pode ser irreversível.

Mas senti falta dos vários casos já noticiados de acusações de pedofilia e até assassinato (como o do menino Lucas Terra, em Salvador) também contra pastores evangélicos.

É triste usar o controle remoto e, em vez de uma alternativa de telenoticiário, assistirmos ao uso do jornalismo como veículo/arma de propaganda "religiosa".

Falta fé e devoção aos ideais do jornalismo. Nas redações da Record, as "estrelas" do jornalismo parecem ter se vendido, e não foi barato. Agora, servem a um novo deus e combatem outros demônios. Canaã é onde pagam mais. E não importa que, para isso, tenham que partir ao meio um mar de crianças e famílias inundadas pela mancha suja da pedofilia, usando o cajado da falta de ética profissional.

Sorte minha que sou ateu, e não tenho que mudar de religião, nem de endereço de fé, a cada esmola que eu receba como pagamento.

Polícia e justiça onde houver pedófilos.
Polícia e justiça onde houver charlatanismo.
Polícia e justiça onde o milagre dos deuses é a multiplicação das cédulas.

Amém.

LULA NA BAND

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Fraca a entrevista do presidente Lula no Canal Livre, no final da noite deste domingo, na Band.
Perguntaram pouco, ouviram muito. Exceto Bóris Casoy, que apertou o presidente quanto às ameaças obscuras de controle da liberdade de imprensa, o resto foi festa para Lula.

Infelizmente, eu já esperava um tom ameno na entrevista, principalmente pela presença e postura do apresentador de programas sensacionalistas José Luís Datena."Folgado" até mesmo no modo em que se sentou para a gravação, não conseguiu, ou não quis apertar o "amigo" Lula na questão da violência.

De importante, Lula jogou para os empresários e os políticos a responsabilidade pela não aprovação de uma reforma tributária nesses oito anos de mandato. Disse o presidente, “todo mundo é favorável à reforma, mas cada empresário tem a sua reforma, cada político tem a sua.”

Lula chamou Ricardo Boechat (apresentador do Jornal da Band) de preconceituoso ao responder sobre a grande quantidade de viagens que o presidente fez durante o mandato e se pretendia descansar no Brasil depois de deixar o cargo. Lula disse que “aprendeu a lidar com preconceito”, mas que foi em viagens ao exterior que ampliou o número de parceiros internacionais e as exportações brasileiras. Disse ainda que já recebeu mais de 41 títulos de Doutor Honoris Causa em vários países, mas prometeu só viajar para esse tipo de reconhecimento depois que deixar a Presidência da República.

Lula disse que o papel do Brasil não é ser pequeno; é ser grande. Viajar é preciso. Investir fora, ajudar países parceiros e vizinhos também. Citou o exemplo da China, que botou 10 bilhões de dólares nas mãos do governo argentino para ajudar o país a sair da crise. O Brasil não fez nada, porque o Congresso não aprovou.

O presidente também explicou porque teve de comprar um novo avião. O anterior estava velho. A Presidência pagava multa porque o "sucatão" fazia barulho nos aeroportos.

Para o presidente, foram os próprios jornalistas, e não o Governo Federal, que propuseram, por meio da Fenaj, a criação de um órgão (conselho) de controle do exercício da profissão. Afirmou que "só há um tipo de controle da imprensa no Brasil, nas emissoras teelvisão, o telespectador; nas rádios. o ouvinte; e nos jornais, o leitor.”

Lula fechou a entrevista dizendo que o Brasil não vai parar mais.

Fico sempre pensando o preço que o jornalismo da Band paga (com perda de credibilidade, claro), ao manter Datena no ar. Mesmo sabendo que se trata de um dos poucos horários em que o Ibope da emissora paulista (já com imagem manchada como Rede Corinthians de Televisão) sai do traço. Uma pena.