sábado, dezembro 20, 2008

Uma prece pela paz

Quem viu a abertura do Pan 2007 não se esquece.
Chico César cantando Uma Prece Pela Paz e a coreografia oriental de Débora Colker num casamento perfeito de todas as artes.

Um Prece pela paz
Chico césar

Paz!
Eu não quero mais ou menos.
Paz!
Não queremos pra depois.
Pro pai, pra mãe, pros irmãos,
Para os outros, para nós.
Para desatar os nós,
Para estreitar os laços,
Pra quem gosta de abraços,
Para os que vivem sós.

SOS grita o morro,
Socorro berra o asfalto.
Violentos, mãos ao alto!
Pra que tudo corra em Paz.
Paz é quando a alma encontra
Calma pro corpo que dança
Pra alma alcançar a Paz.

Na palma da mão
Na ponta do pé
Os olhos no céu
Já alto do chão
Digo paz!

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Filmes brasileiros na elite do cinema


Dois filmes brasileiros foram incluídos na lista dos 17 melhores do ano da CNN.com/Entertainment.

São eles "Linha de Passe", de Walter Salles e Daniela Thomas, e "Tropa de Elite" (foto ao lado - cartaz do filme na Turquia), de José padilha.


A performance de Sandra Corveloni em "Linha de Passe" rendeu a ela o prêmio de melhor Atriz no Festival de Cannes. "Tropa de Elite" é vencedor de 19 prêmios, entre eles o Urso de Ouro no Festival de Berlim.


Os outros filmes incluídos na lista são: "Man on a Wire", de James Marsh; "happy-go-lucky", de Mike Leigh (um grande mestre do cinema inglês, direitor de "Vera Drake" e do excelente "Segredos e Mentiras"; "The Wrestler", (esse filme marca a volta ao grande circuito do um ator cult Mickey Rourke, astro de "Nove e Meia Semanas de Amor" e do clássico "Coração Satânico"), de Darren Aronofsky; "Cloverfield"(filme dos produtores do seriado "Lost" e que dá a Nova York o seu tão merecido godzilla - filmado no estilo "Bruxa de Blair") , de Matt Reeves; "Il Divo", de Paolo Sorrentino; "The Good, The Bad, The Weird", de Kim Ji-woon; "Slumdog Millionaire", de Danny Boyle; "Hunger", de Steve McQueen; "The Dark Knight", de Christopher Nolan; "WALL-E", de Andrew Stanton; "Leonera", de Pablo Trapero; "Gomorrah", de Matteo Garrone; "Waltz with Bashir", de Ari Folman; "Hellboy II - The Golden Army", de Guillermo del Toro; e ainda "W", de Oliver Stone;

Mais um cinegrafista de talento

Taí uma prova do ótimo trabalho de outro excelente cinegrafista de Montes Claros, e com o qual tive oportunidade de trabalhar. Henrique Zuba trabalha hoje na equipe da Rede Anhangüera, afiliada Globo, com sede em Goiânia. Não reparem muito no off, mas nas imagens do nosso companheiro. A reportagem saiu no Globo Rural.
Aproveito para lembrar que no texto sobre os Mestres da Imagem, destaquei os melhores e mais experientes, mas temos outros grandes talentos seguindo o mesmo caminho, como Henrique Zuba (TV Anhangüera), Moacir Júnior (ex-Inter TV, )Fábio Santos (Inter tv) e Topogigio (Alterosa-SBT). Parabéns a todos!

Amy Winehouse - Love is a losing game

Uma melodia tocante, com harmonia refinada. Estilo anos 60, mas com roupagem altamente contemporânea.
Uma letra honesta.
E uma cantora afinada, originalíssima, cujo talento passa bem longe da linha de produção das estridentes e chorosas cantoras norte-americanas e do mundo gospel-caça-níqueis. Amy Winehouse, meu amigos, para quem gosta de MÚSICA!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Na fila do banco - cliente ou estorvo?

Quer ser atendido um pouco mais rápido no banco? Não leve celulares nem guarda-chuva. Mulheres, cuidem para que a bolsa quase sempre gigantesca não tenha nada que faça aquela maldita porta giratória impedir a sua entrada.

Ontem fui ao banco, mas não pude esperar o atendimento. A senha que consegui era a 163 e o “placar” eletrônico do descaso gritava ainda a de número 54! Com a lentidão do atendimento só seria atendido umas duas horas depois. Não foi possível esperar.

Voltei hoje (terça, 16 de dezembro). Cheguei meia hora antes da abertura da agência. E constatei que é quase impossível ir ao banco sem se sentir ultrajado. Assim que a porta giratória foi liberada percebi que o meu tão suado oitavo lugar na fila não seria preservado. Tive de botar os dois telefones celulares naquela caixinha transparente. Quando coloquei, perdi posições na largada. Quando me livrei da porta giratória e fui resgatar meus aparelhos, fiquei ainda mais para trás. Já dentro da agência, uma nova fila. Agora para pegar senha. E, claro, depois que se pega a senha é formada automaticamente uma terceira fila. Minha honrosa oitava posição no grid despencou então para um vexatório vigésimo terceiro lugar.

Além de andar para trás nas três filas, o cliente, que é quem sustenta qualquer empresa capitalista – inclusive as do setor financeiro! – enfrenta ainda uma corrida de obstáculos não apenas humilhantes mas ilegais. Lá na fila de entrada, somos fuziladas por olhares nada amistosos dos vigilantes da agência. Nos olham com ar de superioridade. Como aqueles servidores públicos que mantêm a arcaica e equivocada certeza de que estão sempre nos ajudando, e não nos SERVINDO. Aquele ar de eu tenho a força, tenho o controle do portal dos sonhos (a maldita porta giratória). Eu estou aqui dentro, vocês aí fora. Vocês precisam de mim. Ainda do lado de fora, notamos o ar blasé dos funcionários do banco. Parecem loucos para que não paremos no assustador carpete do pedido de empréstimos e renegociações de dívidas.

A porta giratória vai barrando os clientes, a maioria mulheres e idosos que chegam a abrir suas bolsas e carteiras na inútil tentativa de mostrar ao vigilante que não levam nenhum metal além do molho de chaves. E esses vigilantes não são orientados a parar a fila para que cada um que tenha de parar para retirar os objetos que travam a porta possam retomar sua posição par um atendimento justo e respeitoso. Que nada! Não importa se velho ou deficiente físico. Que se virem!

O descaso é tamanho que, na segunda fila – a que se forma para retirar a senha -, uma menina de uns 8 anos de idade ficava apertando ininterruptamente as teclas verde (atendimento comum) e vermelha (atendimento especial). Os clientes, entre eles eu, começaram a se irritar. Eu perguntei onde estava a mãe dela. Daí então ela correu em direção às cadeiras de espera, perto dos caixas. Mas o estrago já estava feito.

Assim que cheguei ao espaço (mínimo) reservado ao atendimento, notei que a criança estava ao lado da mãe, as duas mais normais que eu, ocupando as cadeiras que por lei são para idosos e deficientes. Outras mulheres e marmanjos faziam o mesmo “favor” à cidadania. Espaçosos, no pior sentido que essa palavra pode ter, ao prejudicar seus colegas cidadãos, mas incapazes de se mover para criticar o confuso e ofensivo atendimento bancário.

Apenas dois operadores de caixa para um número de clientes para os quais as poucas cadeiras já não eram suficientes. A menina piorou tanto a situação que a chamada teve de começar no grito, e não no placar eletrônico que funcionava normalmente. O rapaz do caixa chamou o número um, e o primeiro atendido foi o da senha oito! Logo depois, o tal placar passou a se encaixar na contagem deturpada.

A espera em banco é mesmo desrespeitosa. Mesmo quando se há algumas cadeiras. Sempre tem um televisor ligado em TV a cabo ou reproduzindo um DVD. Mas o volume está sempre a quase zero. Só mesmo os funcionários ouvem. Ficamos parados, sempre desviando o olhar para algum canto. A tela eletrônica que apita chamando os clientes torna-se o alvo principal. Gera ansiedade. Passamos a olhar a todo momento para ver se o número que aparece é o que temos no bilhete amarelo. É uma mega sena cujo prêmio acumulado é nada mais nada menos que a simples e pura obrigação de a instituição financeira atender aos seus clientes!

Ah! Mas existem cartões magnéticos. Estamos reclamando sem razão. Claro que não! O cliente paga taxas que incluem o atendimento completo. Não importa se é via internet ou na boca do caixa. E a lei que determina um máximo de 15 minutos de espera por atendimento? Solenemente ignorada. Não compensa nem citar que banco é esse. É o que impera em quase todos. Quase por quê? Porque não conheço todos. Só por isso. Na agência em questão não vi nenhuma daquelas “aeromoças” que circulam ali e acolá, não exatamente para ajudar o cliente, mas para que ele não atrapalhe o trabalho de ninguém no banco.

- Porra, nós somos clientes! De que adiantaria gritar isso? Essa gente mal sabe escrever... A maioria fez cursos técnicos; nada de inclinação para “humanas”. E para piorar, empresas adoram enfiar palestras infundadas com temas ligados ao sucesso e à conquista de lucros baseada no uso do ser humano em seu status de “necessitado de empréstimo”, e ainda são malucos por cursos de MBA! É uma febre. Basta sacrificar os fins-de-semana a cada 15 dias durante um ano e meio e... Dãããã! O cara é um manager, um potencial CEO. Mas porra, e o cliente!? Liga não, é o cara que temos de suportar para a realização do meu sonho globalizado.

Quando vão entender que o ser humano é a mais importante peça de qualquer empresa, de qualquer sistema, de qualquer coisa que a sociedade invente?

Eu até anotei os números do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) e da ouvidoria. Mas aí, meu amigo, é outro artigo... E não é de luxo.

Mestres da imagem

Sempre tive o maior respeito pelos repórteres cinematográficos. Nem o telespectador comum e, infelizmente, nem mesmo estudantes de jornalismo costumam dar o devido valor a esses caras que são os responsáveis pela captação da matéria-prima do telejornalismo.

Se há uma lição que os estudantes de jornalismo não podem deixar de aprender é a importância do trabalho de equipe, sem o qual não se transforma fato em notícia. Na televisão, essa verdade é ainda mais inabalável. E uma das mais importantes peças dessa engrenagem é o profissional da imagem e do som. O repórter cinematográfico.

Não se trata aqui de um acionador de câmeras de filmar; não se trata de "filmador" de casamentos e formaturas. Por trás daqueles créditos de imagens que se vê nas reportagens dos telejornais está o resultado da dedicação de um profissional que tem a função de registrar a história e nos mostrá-la sem maquiagem, sem truques, mas nem por isso, sem sua marca pessoal. E são muitas as habilidades que se exige de um cinegrafista.

A notícia quase nunca tem hora marcada. Ela acontece. Se o cinegrafista não chegou a tempo ou não foi hábil o suficiente, perde-se de vez. O tempo é cruel. Piscou, perdeu. Hesitou, escapou. O flagrante é único.

Não importa se é uma pauta comum, um grande espetáculo, um tiroteio, um sobe-som precioso para reforçar ou provar uma denúncia. É preciso fazer o maior esforço para captar o som com qualidade. Um grande cinegrafista é também meticuloso com o áudio. Mas quando não é de forma alguma possível o capricho na qualidade, diante das condições do flagrante, o fato é o que importa. E ele tem de ter isso em mente. A informação é tudo, basta ter conteúdo, seja naquela entrevista meio distante, mas com frases identificáveis; seja aquela imagem distorcida, trêmula, ou apenas um registro de relance.

Ser repórter cinematográfico é profissão de risco também. Eles acumulam a função de motoristas. Se envolvem em perseguições (em todos os sentidos possíveis: seguindo ambulância, carro de bombeiros, caça a assaltantes, e até sendo alvo da perseguição). Acidentes de percurso nas estradas da informação.

No meio do fogo cruzado: Troca de tiros. E a única arma é a câmera. O único escudo, o tesão pela melhor cobertura. Ameaças: mãos de advogados, políticos, acusados, suspeitos e culpados em denúncias dos mais diversos tipos. A autoridade inflada diante da autoridade imperativa do direito à informação! Um cara-a-cara que costuma definir quem tem ou não jornalismo no sangue. Enxadas, foices, facas e até revólveres em manifestações populares, invasões de terra. E lá está o bravo “câmera” exposto ao risco e ainda com a ponta afiada do dead-line roçando suas costas.

Acionar uma câmera é como ligar um lâmpada numa rua escura: haverá sempre alguém se escondendo, alguém maquiando realidade, e muitos insetos se aglomerando diante da lente. Por isso um bom repórter cinematográfico fica sempre atento não apenas ao que filma, mas ao clima e à situação em torno de si.

Cinegrafista precisa estar em forma. Tem de se embrenhar em busca de espaço nas coletivas, no registro de entrevistas flagrantes com quem não está nem um pouco a fim de falar à imprensa. O repórter cinematográfico tem se aventurar em plantações, lamaçais, rios, florestas, escaladas, cavernas, aviões, helicópteros, etc. Haja disposição e talento para resistir a tudo e ainda manter firme o enquadramento.

É não ter hora certa. É ser chamado no meio da madrugada para registrar acidentes terríveis. É ter estômago em cenas repugnantes e ousadia para encarar criminosos. É peitar tudo em nome da notícia.

Não bastasse tudo isso, cinegrafistas também são também psicólogos, companheiros e professores. Com o troca-troca de jornalistas nas emissoras, quase sempre o cinegrafista sai às ruas com um novo repórter no banco de passageiros. Não raro, um novato. Um profissional que acaba de trocar o canudo pelo microfone. Ou veio de uma emissora mais modesta para uma responsabilidade e nível de cobrança mais fortes numa grande rede. E é o carinha da câmera, o motorista do carro de reportagem, quem vai dar todo o know-how de como se comportar na externa; de tudo um pouco: como fazer perguntas, as manhas com certos entrevistados, postura nas passagens, etc. E até mesmo dicas de texto técnico de reportagem, o amassado da roupa do companheiro e do entrevistado; também ficam de olho o dead-line, no contato com a produção, na gravação do off, etc. Suportam desde xiliques de estrelinhas à falta de tesão para o trabalho por parte de um ou outro repórter. E ainda ajudam a salvar reportagens mal produzidas na redação ou mal conduzidas na externa. Não há boa reportagem sem um casamento entre repórter e cinegrafista!

Imagem não é tudo. Mas na televisão ela é fundamental. Quantos e quantos vt´s não são fechados graças a uma ou uma série de belas imagens? Acionar uma câmera não é uma mera função técnica. Como em qualquer outro ofício, quando se realiza com prazer e técnica apurada se faz mais que trabalho, se produz arte. O repórter cinematográfico fazer arte não apenas em reportagens sobre cultura, mas também em registros de fatos nada artísticos. De um acidente a um crime. De uma fila em hospital a uma passeata pelos direitos humanos. De uma insuportável entrevista com jogador de futebol à comovente lágrima de uma mãe que reencontra o filho. É preciso ter feeling! Emoção, numa perfeita simbiose entre homem e máquina.

Eu tive a sorte e o prazer de ter como colegas excelentes mestres da imagem. Dos melhores de Minas e do Brasil, como já provado em diversos trabalhos que fizeram com jornalistas conhecidos em todo o país. Cada um com seu estilo.
Alexandre Nobre e seu talento pelo factual, hard news. Dono de um humor peculiar, Xandão é rápido e objetivo, sem que isso resulte em alto estresse ou queda de qualidade. Geraldo Humberto gosta de grandes reportagens, gravações de programas em externas. Também tem sorte e coragem com flagrantes e factuais. Marcelo Pimenta é um apaixonado pelo capricho com a imagem e se preocupa muito com o resultado final do seu trabalho, ou seja, a reportagem pronta. Todos eles têm sempre muito a contribuir, e cobram um bom resultado de seus parceiros repórteres. São de uma safra de profissionais que costumam exigir mais da empresa bons equipamentos e melhores condições de trabalho do que aumento salarial. E olha que, pelo que fazem e já fizeram pela história do jornalismo regional e mineiro, o que ganham chega a ser uma ofensa.

São capazes de fechar reportagens sozinhos. Se necessário, filmam, gravam (câmera numa mão e microfone na outra), apuram todas as informações na externa e, não raro, trazem sugestão de texto a tempo do fechamento do jornal.

Esses heróis da informação nem sequer são lembrados em palestras e seminários sobre comunicação. As estrelas sempre têm de ser alguém de fora, um repórter famoso... Cinegrafistas têm muito a contar. Muito a ensinar. Muitos deles mal concluíram o segundo grau, mas como poucos são verdadeiros jornalistas!

Esta é a imagem que fica.

E fica aqui o meu agradecimento.