quarta-feira, março 31, 2010

O BBB E OS FILÓSOFOS DE BOTECO

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Ainda não encontrei, até hoje, uma crítica consistente anti-BBB. Só filosofia de boteco e frases de engajadinhos parados no tempo. Não raro, intelectualóides. Aquela gente simplista que acha que a televisão é o câncer que destrói a humanidade, e que existe uma conspiração para que tudo em que eles acreditam seja aniquilado.

O BBB é um excelente programa de tv. Hipnótico, é capaz de capturar com seu raio trator milhões de telespectadores. Tá certo, estamos num mundo capitalista; programas de tv, assim como filmes, novelas, suplementos literários, peças de teatro, livros, discos, shows... Toda a produção cultural precisa do combustível que move o sistema: dinheiro. Mas por que só o BBB é condenado?

E o Faustão e outros programas de auditório? Pior esgoto cultural da TV mundial!
O BBB é montado pra gerar lucro em cima das ligações telefônicas, que bateram recorde na edição encerrada ontem. Reflexo de audiência também arrasadora. Se ta ruim assim, você tem uma ótima opção: pastor R.R. Soares! Sim, por que nenhum dos que criticam o BBB estava ligado na TV Cultura no mesmo horário. Por que será? Por que não elogiar um bom filme ou programa de interesse relevante para os intelectuais e intelectualóides?

A grande piada é que parte da massa que critica o BBB é ávida consumidora de um fenômeno tão fabricado e alimentado por grandes empresas quanto o Big Brother: a micareta, mosca transmissora da axé music (ou trio-music).

É o sujo falando do mal-lavado.

Quanto ao mito da manipulação: piada infantil. A edição manipula tanto quanto o direcionamento ideológico que jornalistas “consagrados” costumam injetar em seus artigos de combate ao BBB. Todo jornalista edita. E a seu modo, todo cidadão também o faz ao se comunicar.

Costumam atacar os participantes do BBB sem qualquer tipo de respeito. Como se não fossem cidadãos que vivem numa democracia e que têm direito de se inscrever em um programa de TV e disputar um prêmio que pode mudar suas vidas completamente. Que mal há nisso? Quantos dos que criticam não engordam as filas da mega sena nas lotéricas?
E os artistas, muitos da mesma emissora que veicula o BBB, costumam dar entrevistas diminuindo a inteligência de quem participa e de quem assiste ao programa. Ar de superioridade. Mas por quê? No horário do BBB não passa novela!

Por que eles não têm peito de criticar a ditadura dos tele-evangelistas que engole programações inteiras, e avança palas madrugadas em redes de televisão com tradição em fazer coisa séria, como a Band!?

O ser humano nunca foi um ser social. Exatamente por isso ele quer a lei sempre a favor dele. Se estiver na Record vai abraçar evangélicos e falar miúdo. Se estiver na Globo, vai elogiar e se orgulhar de dividir a pizza do domingo com o Faustão. Ah, essa gente... Se estiver no DF vai fornecer panetones. Se estiver longe de lá, vai ser justiceiro de cuecas sem dólar!

Televisão é acima de tudo entretenimento. Ninguém reclama quando acaba de assistir a “Transformers” no cinema, resmungando que faltou densidade aos diálogos e um sentido humanista aos robôs. Mas quem sai de casa para assistir a um filme como “As Horas” ou “Lavoura Arcaica”?

Os maiores detratores do BBB são os que só aceitam a diversidade quando têm a cara deles.
Dão importância demais a um jogo na televisão.
Parem de ver o BBB e façam a Cultura sair do traço!
Controle remoto na mão sempre. O poder está em nossas mãos.
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segunda-feira, março 29, 2010

ARMANDO NOGUEIRA E O TEXTO DE QUALIDADE

Eu não conheci Armando Nogueira pessoalmente, mas o legado dele para quem cuida da palavra no telejornalismo brasileiro é tão cristalino quanto a paixão dele pelo futebol.

Quem é da época em que para ser jornalista era necessário caprichar na escrita, no uso adequado das palavras, na técnica que transformou o texto granítico e inútil do noticiário antiquado dos velhos jornais e das rádios em ferramenta de COMUNICAÇÃO. Não adianta guardar para si o eruditismo. O jornalismo nasceu para informar, não para esconder, impor, exibir, omitir; muito menos mentir.

Frases curtas. Palavras curtas. Linguagem coloquial, mas de conteúdo. O chamado PADRÃO, tão criticado pelos preguiçosos e incompetentes, nada mais é do que profissionalismo. Trabalhar o texto. Suar o texto. Não se contentar com a primeira versão do texto. Transformar os dialetos (mediquês, economês, culturês-cultureba, oficialês) em português. COMUNICAR. Sem ser vulgar, sem sensacionalismo, e com qualidade.

Comunicar. A grande lição de Armando Nogueira. Nem meia palavra, nem muitas.
Para o bom telespectador, poucas palavras bastam.

Uma lição que inspirou muitos talentos do texto do nosso telejornalismo: Ernesto Paglia, Neide Duarte, Joelmir Beting, e toda uma safra de editores de telejornais, ilustres desconhecidos mestres da língua portuguesa, que deixam em seu trabalho diário a marca da objetividade e até da poesia a serviço da melhor informação possível.

A morte de Armando Nogueira deixa as palavras mais pesadas; e o jornalismo, meio sem ponto.

FALTA MARKETING AO FUNORTE

Tarde de sábado. Jogo importante do Funorte contra o Araxá no estádio José Maria Mello. O jogo foi bom. Os dois times com vontade de fazer gol e com boas jogadas, principalmente no segundo tempo. Quem não foi perdeu. E olha que tinha lugar de sobra. Público animado, mas mirrado, ajudou a empurrar o time.

Mas como exigir que o sujeito saia de casa sem estrutura a oferecer? Uma parceira da Prefeitura com o Funorte e uma eficiente ação de marketing (envolvendo patrocinadores da equipe), poderia atrair um público maior. Se o montes-clarense vai ao vôlei, muitas vezes sem sequer entender completamente o jogo, imagine então como seria no futebol?

O Funorte está jogando bem. E não é de hoje. Mas uma ajudinha vai bem. Distribuição de brindes (bolas, uniformes, bicicleta); uma pintura e um maior conforto nas arquibancadas; torcedor tem de ser tratado como rei. É ele quem empurra o time. Quem ajuda a bancar o futebol. Final de jogo, por que não os jogadores chegarem perto da arquibancada e agradecer o apoio? Ainda mais depois de uma boa atuação.

Queiram aceitar ou não, esporte é também espetáculo. Quem paga quer e merece ver show; festa; diversão. Se cartolas, atletas e empresas não acordarem para essa estratégia, vão morrer resmungando que "esporte nao dá dinheiro", que "publicidade é gasto", quando todos nós já provamos e comprovamos que tudo isso é INVESTIMENTO.

HUMOR OU GOZAÇÃO?

O Brasil tem hoje uma supersafra de comediantes e humoristas. Os programas de TV ganham cada vez mais espaço. Os chatos da tal comédia em pé aparecem a todo instante, até em programas musicais. O texto é sempre o mesmo, só muda a tal mania que eles querem ridicularizar. E tem também os que se proclamam inovadores, de humor inteligente, e se acham talentosos.

Senhores de si – e do mundo – por ganharem a oportunidade de usar microfone, câmera e cavar espaço em uma rede nacional, incorporam agentes da lei e da ordem e ainda se julgam parte da imprensa. Imprensa tem como objetivo INFORMAR. O que eles pretendem, mesmo quando acertam, é fazer rir. É o sarcasmo. CQC e Pânico pertencem a um “novo humor” que já nasce enterrado. É a piadinha sem graça que cada um conta na esquina.

Quem de nós realmente consegue rir dessa gozação na televisão? Eles não percebem, mas ao tentar ridicularizar quem quer que seja, de personalidades (e até mesmo grandes nomes da nossa cultura) a cidadãos desavisados (barra pesada mesmo é raridade) acabam revelando o quão ridículos são eles próprios na busca desenfreada e tola por um espaço na mídia.

Você consegue rir ao ver um “repórter” gritar do meio de uma multidão o nome de Brad Pitt no Festival de Cannes, e se vangloriar de o ator ter acenado pra ele? E daí? Não à toa, o CQC, assim como o Pânico, vem beirando o lugar que a eles pertence no latifúndio do Ibope: traço. Um traço bem sem graça.

Dia desses me peguei rindo de verdade. Foi no jurássico “A Praça é Nossa”. Tive bons motivos. Era o genial Saulo Laranjeira e sua cartola de surpresas com a qual toda semana renova a roupagem do senador que é a cara dos nossos políticos.

"CORTE INDEVIDO"

Um choque sem energia. Cheguei dias desses em casa e ao abrir a porta descobrir que estava sem luz. Cemig cortou. Motivo bem claro no aviso que o cachorro não mastigou: não paguei a conta de janeiro. Como sou tonto mesmo. Às vezes pago a mesma conta duas vezes. Às vezes pulo uma e pago a que não venceu. Às vezes pago atrasadão mesmo! No dia seguinte fui à caça do arquivo morto, em meio à água que jorrava da geladeira. Puto com a noite perdida sem ver emails, sem fazer trabalho e me divertir na internet; e sem ver TV. Encontrei a conta PAGA!!!

Liguei para a “companhia energética que mais isso-e-aquilo faz no mundo”. Meia hora depois de espera, anotação de protocolo, senhor Ricardo pra cá, senhor Ricardo pra lá, a moça robótica confirmou o “corte indevido”. Religação dentro de quatro horas. E só. Nenhum pedido de desculpas – nem com voz de pinto dentro do ovo! E meu prejuízo? Tudo que perdi na geladeira. Textos que não pude fazer. As notícias que tinha para ler. O banho frio!

Tudo isso me fez pensar que Aécio Neves tomou a melhor decisão política da vida dele ao não se candidatar à Presidência da República. O Brasil precisa de um choque de cidadania.
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INFRAÇÃO CHIQUE

Uma novidade para quem enfrenta a sempre irritante corrida de obstáculos nas calçadas de Montes Claros. Pedestre acostumado a fazer zigue-zague entre mesas e cadeirinhas de plástico dos barzinhos, não pode deixar de passar à noite na região da avenida Mestra Fininha, bem perto da Superintendência Regional de Ensino. Ali, você pode se dar ao luxo de desviar de mesas e cadeiras de madeira feitas no capricho.
E tem mais. A segunda pista da avenida é transformada em estacionamento de carrões, apesar de os restaurantes oferecerem garagem para clientes. Ainda não vi Polícia Militar ou MC-Trans com moral para fazer a lei parar no lugar certo.