segunda-feira, março 29, 2010

ARMANDO NOGUEIRA E O TEXTO DE QUALIDADE

Eu não conheci Armando Nogueira pessoalmente, mas o legado dele para quem cuida da palavra no telejornalismo brasileiro é tão cristalino quanto a paixão dele pelo futebol.

Quem é da época em que para ser jornalista era necessário caprichar na escrita, no uso adequado das palavras, na técnica que transformou o texto granítico e inútil do noticiário antiquado dos velhos jornais e das rádios em ferramenta de COMUNICAÇÃO. Não adianta guardar para si o eruditismo. O jornalismo nasceu para informar, não para esconder, impor, exibir, omitir; muito menos mentir.

Frases curtas. Palavras curtas. Linguagem coloquial, mas de conteúdo. O chamado PADRÃO, tão criticado pelos preguiçosos e incompetentes, nada mais é do que profissionalismo. Trabalhar o texto. Suar o texto. Não se contentar com a primeira versão do texto. Transformar os dialetos (mediquês, economês, culturês-cultureba, oficialês) em português. COMUNICAR. Sem ser vulgar, sem sensacionalismo, e com qualidade.

Comunicar. A grande lição de Armando Nogueira. Nem meia palavra, nem muitas.
Para o bom telespectador, poucas palavras bastam.

Uma lição que inspirou muitos talentos do texto do nosso telejornalismo: Ernesto Paglia, Neide Duarte, Joelmir Beting, e toda uma safra de editores de telejornais, ilustres desconhecidos mestres da língua portuguesa, que deixam em seu trabalho diário a marca da objetividade e até da poesia a serviço da melhor informação possível.

A morte de Armando Nogueira deixa as palavras mais pesadas; e o jornalismo, meio sem ponto.

Nenhum comentário: