terça-feira, dezembro 30, 2008

Jornalista ou mulher de malandro?

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Mais um fim de ano de grana curta para a maioria dos jornalistas de Montes Claros - como se durante o ano fosse diferente.
Fui informado que somente esta semana o jornal O Norte pagou o que devia aos seus jornalistas - o pagamento estaria atrasado há três meses!
A turma do Jornal de Notícias até o começo da tarde desta terça-feira, 30 de dezembro, não havia recebido o salário de novembro nem o décimo terceiro.
Na TV Geraes, onde trabalho, o décimo terceiro ainda não foi pago. A previsão é de que saia no começo da semana que vem.
Não sei ainda se houve atrasos nos demais órgãos de imprensa. Nossos colegas têm medo de falar.

O mais triste nisso tudo é que, trabalhando sem estrutura e sendo muitas vezes explorados sem os devidos direitos garantidos por lei, muitos jornalistas ainda são maltratados pelos chefes! Agora eu pergunto, e isso serve para quê? Que salários milionários são esses que justificam tamanha soberba e desrespeito por parte dessas empresas? O simples fato de perguntar quando vai sair o pagamento já atrasado provoca reações medievais na turma do cofre.

Será que se trata de um favor pagar o que devem? E nessa situação toda o jornalista vira o que? Mulher de malandro? Que exemplo estamos dando ao cidadão, quando não somos homens (no sentido de honra) nem mesmo para cobrar o que nos pertence por direito? Que moral teremos para fazer uma reportagem sobre descumprimento de leis trabalhistas? Que moral teremos para encarar o cidadão que é vítima de patrões medievais? Essa gente troglodita que ainda acha que imprensa é para divulgar fotos de amigos e perseguir inimigos?

Como já disse em outro artigo aqui, nós jornalistas que temos atitude de bundões estamos perpetuando essa imprensa suja e podre. Uma imprensa que o leitor já não acredita há muito tempo. E, claro, não vende mesmo, justamente porque não há interesse real em que o cidadão leia. O importante é fazer a notícia da polícia para o delegado ler. A notícia da reunião da Câmara tem de agradar aos vereadores. A notícia do encontro médico estará ótima se saírem as fotos dos médicos. A reportagem sobre o evento esportivo ficará perfeita se saírem frases como "coroada de êxito" e "de alto nível técnico", mesmo que o público nem tenha ido ao local, mesmo que o campo de futebol não tenha sequer grama, e ainda que dois jogadores tenham entrado sem chuteiras.

Para que o cidadão quer saber de notícias, não é mesmo? Pouco importa. O que vale é o "H" para os nossos amigos. De que importa que o cidadão tenha direito de ouvir os dois lados de uma questão? A verdade é a dos caras que eu apóio. É assim que "profissionais" sem ética pensam. Estão inteiramente enganados. Sabem disso. Mas como não têm compromisso com jornalismo de verdade, dormem tranqüilamente em suas camas confortáveis, enquanto seus funcionários-vassalos devem ao comércio, se alimentam mal, fazem ligações do trabalho com o telefone pessoal, e ainda temem perder o emprego! E além disso, defendem o mesmo grupo político do patrão, não importa qual seja! Fazem o papel de cabo eleitoral, sem remuneração. Onde está a honra de um profissional desses? Bundões-vassalos-mulheres-de-malandro! É o que é um jornalista que age assim. É o que é um jornalista que não sabe dizer não ao que fere seus princípios; ao que fere a ética profissional. Triste ter que se vender, e a preço de banana de fim de feira.

Pense bem! Quantas vezes você já foi "entrevistado" para um emprego e um patrãozinho, um chefinho, uma psicologazinha de agência de emprego te cobriu de perguntas imbecis? E você o que fez? É preciso reagir! O momento de uma entrevista de emprego não é e nem pode ser unilateral. A empresa quer saber quem está prestes a contratar, mas o profissional que faz seu serviço corretamente e com qualidade tem o dever de saber em que tipo de empresa está prestes a trabalhar. Uma agência de empregos que procurava um assessor de comunicação para uma entidade de Montes claros me dispensou de cara quando me perguntou se eu sabia dirigir carros. Eu disse não. E nada mais importou: nem 14 anos de jornalismo em televisão, nem 7 anos de rádio, meus conhecimentos de marketing, assessoria, nem cursos especializados, nem conhecimento de inglês - que também foi exigido. Ou seja, a psicóloga procura para a tal entidade um motorista que, por acaso, faça assessoria. Achei graça, e naquele dia percebi que a crise na formação profissional não se restringe apenas à área de comunicação. Quando precisar de uma psicóloga, antes de marcar a consulta, vou perguntar se ela sabe dirigir.

Mas voltando ao nosso assunto, não prego aqui uma greve dos empregados na imprensa. Ainda acho que algumas dessas empresas trabalham sem qualquer tipo de planejamento estratégico, em gerência de recursos humanos ou sequer direcionamento no mercado. Portanto, têm sim salvação. O mercado para a imprensa local está todo aberto. O leitor nessa terra de Darcy Ribeiro é um alvo ainda virgem e ignorado. Não se faz jornal para o cidadão em Montes Claros, e cidadão é o que não falta! Esses "órgãos de imprensa" precisam abrir os olhos. Grandes empresas não anunciam onde a marca delas possa ser confundida com uma linha editorial altamente tendenciosa e com trabalhos de profissionais semi-analfabetos!

É preciso respeitar não apenas o leitor, mas tambem o anunciante!
Mas tudo isso começa dentro da empresa de comunicação. Quem respeita seu funcionário,não apenas como ser humano, mas como profissional, tem mais condições de cobrar qualidade e isenção e, conseqüentemente, resultados.

Eu não vou parar de insistir e repetir. A maioria dos órgãos de comunicação está sim errada, equivocada e até mesmo com intenções outras que passam longe do jornalismo. Mas só haverá mudança se nós jornalistas mudarmos também. Jornalista que não lê, não escreve. Se não lê, não tem consciência verdadeiramente política. Se não se informa, não tem como sequer argumentar numa discussão com os senhores patrões. Se não se informa, não pode informar. Se não sabe informar também não tem como batalhar respeito profissional e melhores salários.

Se você escreve bem. Se você tem bagagem cultural para fazer associações de informações e produzir sempre um bom material jornalístico. Se você é um profissional verdadeiramente ético. Valorize-se. Não continue entregando de graça a única coisa que temos paraa vender, que é o nosso trabalho.

domingo, dezembro 28, 2008

Feliz PENSAMENTO NOVO!

- "Vai, vai aprontando, viu? Quando seu pai chegar vou contar tudo. Se bobear, já ligo pra ele agora mesmo pra ele ficar sabendo o que está acontecendo aqui em casa."
Esse texto você já conhece bem, não é? Faz parte da rotina de quase todos os lares no mundo inteiro. Geralmente é dito pela mãe, empregada doméstica ou por um dos irmãos.

Quem não tem como controlar uma situação ou sequer explicar qualquer acontecimento, inventa logo uma forma de poder. Cada casa tem seu bicho-papão.
Com as religiões a coisa funciona assim também. Imagina o homo sapiens sapiens tentando sobreviver a um mundo selvagem, descobrindo a linguagem e ainda tendo que explicar fenômenos naturais como trovões, relâmpagos, enchentes, morte, doenças, etc?
Sem ciência, ou seja, sem conhecimento, o jeito foi inventar. Não dava para pesquisar. Então, os fenômenos vindos do céu viraram ainda reflexos do temperamento de coisas que moravam lá. Bichos, deuses, demônios. E tudo isso variando de cultura para cultura.

O incrível é que, hoje, mesmo depois de tantos e tantos séculos de avanço da ciência, até mesmo psicólogos tropeçam na tradição do mais fácil e recorrem ao bicho-papão para evitar que seus filhos entrem em quartos escuros! E é assim que acontece com a religião. Só que, nessa área, a situação sempre foi mais delicada.

Imaginem se após uma grande destruição mundial restem poucas famílias e apenas um exemplar do livro “O Senhor dos Anéis”? Os séculos virão e vão acabar construindo templos para glorificar o ingênuo Frodo, seu heróico amigo Sam, e o demônio será Sauron. Pobres personagens de um bom livro de ficção. E é o que a bíblia. Um livro de fábulas até hoje jamais comprovadas. Rico em mensagens de humanidade, dominação e barbáries – foi escrito por povos que hoje podemos chamar elegantemente como analfabetos funcionais.

O pai que só chega no final do dia é Jesus, um cara literalmente pego pra Cristo. Ao mesmo tempo em que essas lendas ajudam a botar regras de controle social, também serviu de manual de dominação religiosa e política. Até mesmo a Igreja reconhece: não há nenhuma prova da existência de Jesus. De qualquer tipo de divindade, pior ainda.

Já repararam como tudo é contestável, menos a existência de deuses, santos, e... Bom, por que os elfos não podem existir? O ser humano natural, ou seja, aquele que consegue formar opinião própria, e tenta ao máximo ter o pensamento livre é que é obrigado a provar a inexistência de algo que está num livro. Então, tá bom: eu invento meu saci pererê, crio altares para ele em cada esquina, junto meus tostões e meus seguidores e pronto: você é que tem que provar que meu saci não existe?

Precisamos abandonar a preguiça e pensar de verdade. Há outras idéias além dos livros santos de cada religião. Por que temos que acreditar que a bíblia é a resposta para tudo, sendo que não há nada real ali? Um livro cujo conteúdo foi mexido e remexido de acordo com o gosto e as intenções de reis e manda-chuvas religiosos. Se o rei não gostava da idéia de reencarnação como escravo, mandava tirar tudo sobre a volta dos mortos à vida.

Não podemos mais usar esse método mesozóico para educar nossos filhos, nem como baliza para nossas vidas. É tempo de acordar e sair da sala de cinema. A trilogia acabou. Peter Jackson já rodou outros filmes depois da série dos malditos anéis. Então, chega. Vamos ver outros filmes. Vamos usar argumentos reais para que nossos filhos, amigos e a sociedade em geral faça o bem, faça o que é certo.

Eu não quero aqui pregar o abandono radical desses cultos e todas as suas variantes. A transformação deve ser natural, aos poucos. Ainda tem gente que se assusta quando está ao lado de um ateu, ou quando descobre que muitos famosos são ateus. O natural é ser natural. As crenças são impostas pela cultura de cada povo. Apesar de todas as guerras e mortes que as religiões provocaram e ainda provocam, não precisamos destruir a riqueza cultural que elas esculpiram em milhares de anos de parafinas derretidas. A fé, como neurolingüística, é algo bom. Pena que tem sido uma energia desperdiçada em algo inexistente.

O que o ser humano mal informado não suporta é entender que ele é um ser vivo como outro qualquer, sujeito a ser pisoteado como formiga, a sofrer doenças, a ser atingido por um raio, a cair do telhado, e a ser vítimas de nossas próprias armadilhas. Então, compreende-se assim o apego ilógico a uma suposta lógica na equação vida-e-morte. Não podemos simplesmente morrer e pronto. Formigas podem, nós não!

É preciso perceber que não adianta rezar porque criancinhas serão tragadas pelas enchentes; ônibus cairão em pontes (inclusive os que levam romeiros a Aparecida do Norte ou que foram a um retiro espiritual evangélico); políticos corruptos serão eleitos; doenças continuarão matando... Nada muda se você reza. Nada muda se você não reza. Mas se o motorista respeita a sinalização; se o paciente segue à risca as ordens médicas; se o eleitor vota no candidato honesto; isso, sim, MUDA TUDO!

Mas a gente ignora que só quando percebemos que - sim! – não somos nada melhores nem piores que formigas, é que passamos a dar real valor à busca por explicações reais. Essa é a nossa grande jornada, e a ciência, ao contrário do que muitos pensam, é a nossa mágica. É a nossa arma mais poderosa para ir avançando em direção ao que se possa chamar de VERDADE, passando o bastão de geração em geração. Essa é a coisa mais linda e admirável da raça humana. Essa é a nossa grandeza. Nossa tarefa crucial! E quanto mais perdermos tempo nos contentando em parar de pensar, em parar de estimular nossos neurônios, em usar a fé para explicar tudo, estaremos nos afastando dessa nobre missão. E as formigas estarão bem à frente. Elas não vão se destruir porque não têm templos nem deuses. Estão ocupadas em sobreviver. Nós nos destruiremos, e elas estarão aí, cumprindo sua missão. Sem fé, elas já nascem sabendo o que deve ser feito. E fazem!

E nós? O que temos feito?

Pense nisso, agora e sempre, se afaste de pessoas que vivem dizendo que sexo, religião e futebol não se discute. A cada discussão de real conteúdo, estamos enviando a nossos companheiros mais próximos e aos nossos descendentes as informações que servirão de base para a continuidade do pensamento humano. Não faça com que eles tenham de começar de novo, como muitos de nós, do início dos tempos do homo sapiens sapiens.

Comece uma nova vida agora. Comece a pensar!
Só assim seu ano será diferente.
Feliz pensamento novo!

domingo, dezembro 21, 2008

O Funorte chega à Primeira Divisão

A equipe do Funorte, de Montes Claros, é campeã da segunda divisão do Campeonato Mineiro de Futebol. O título garante ao time uma vaga no módulo 2 da primeira divisão.

Na última rodada, hoje (21 de dezembro), o Funorte venceu o Santa-ritense por 3 a 0, em Santa Rita do Sapucaí. Nos outros jogos, o Tricordiano empatou em 1 a 1 com o Fabril, e o América de Teófilo Otoni (que também garantiu vaga na primeira divisão), venceu o Guaxupé, por 1 a 0.

Na foto abaixo (do site do jornal O Norte), o atacante Ditinho que foi emprestado ao Funorte pela URT de Patos de Minas.



Na classificação final, o Funorte é campeão, com 20 pontos em 10 jogos. Foram 6 vitórias, duas derrotas e dois empates, com um índice de 66% de aproveitamento. Depois vem o América, com 19 pontos. O Fabril ficou em terceiro lugar, com 17. O Tricordiano, em quarto lugar, com 15. Em quinto lugar o Santa-ritense, com 8 pontos. E, por último, o Guaxupé, com apenas 5 pontos.

O artilheiro foi Flávio Torres, do Fabril, que fez 14 gols. No Funorte, Leandro Ângelo foi quem mais fez gols: seis.

E a tabela do módulo 2 já está pronta. O campeonato começa no dia 11 de fevereiro. O primeiro jogo do Funorte será em Montes Claros, contra o Democrata de Sete Lagoas. Além desses dois times, disputam a competição o Araxá, a Caldense, o Itaúna, o
Formiga, o Ideal, o Ipatinga, o Poços de Caldas, a URT de Patos de Minas e o Valeriodoce(conhecido como Valério) de Itabira.

Como se pode notar, com times de tradição na antiga segundona como a Caldense e o Democrata, e ainda com o Ipatinga, que já esteve entre os grandes do país, o Funorte não vai ter moleza, não.

Mas o importante é que a região volta a ter um representante na primeira divisão do campeonato mineiro e, se conseguir manter o entrosamento e a vontade de vencer, terá boas chances de se classificar.

Parabéns ao técnico, aos jogadores e à torcida do Funorte.

Boa sorte.

O Leãozinho - animal em extinção

No vídeo abaixo, o gênio Caetano Veloso canta um de seus clássicos, "O Leãozinho" (1977).
Esse é o cara, como a história, o público e a crítica já fizeram jus.
Quando o povo (povão mesmo) tinha acesso à música POPULAR de qualidade (daí o rótulo MPB!), e por isso entendia e sentia que, por trás de acordes aparentemente simplórios, havia sempre frases melódicas, harmonia rica, e ainda uma letra inventiva, inteligente e romântica.

"...Para desentristecer, Leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã..."

Como é fácil perceber, essa obra de Caetano - O Leãozinho - é a prova viva de que boa música virou mesmo animal em extinção no mundo pop.

Pra nossos tímpanos matarem saudade.

sábado, dezembro 20, 2008

Uma prece pela paz

Quem viu a abertura do Pan 2007 não se esquece.
Chico César cantando Uma Prece Pela Paz e a coreografia oriental de Débora Colker num casamento perfeito de todas as artes.

Um Prece pela paz
Chico césar

Paz!
Eu não quero mais ou menos.
Paz!
Não queremos pra depois.
Pro pai, pra mãe, pros irmãos,
Para os outros, para nós.
Para desatar os nós,
Para estreitar os laços,
Pra quem gosta de abraços,
Para os que vivem sós.

SOS grita o morro,
Socorro berra o asfalto.
Violentos, mãos ao alto!
Pra que tudo corra em Paz.
Paz é quando a alma encontra
Calma pro corpo que dança
Pra alma alcançar a Paz.

Na palma da mão
Na ponta do pé
Os olhos no céu
Já alto do chão
Digo paz!

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Filmes brasileiros na elite do cinema


Dois filmes brasileiros foram incluídos na lista dos 17 melhores do ano da CNN.com/Entertainment.

São eles "Linha de Passe", de Walter Salles e Daniela Thomas, e "Tropa de Elite" (foto ao lado - cartaz do filme na Turquia), de José padilha.


A performance de Sandra Corveloni em "Linha de Passe" rendeu a ela o prêmio de melhor Atriz no Festival de Cannes. "Tropa de Elite" é vencedor de 19 prêmios, entre eles o Urso de Ouro no Festival de Berlim.


Os outros filmes incluídos na lista são: "Man on a Wire", de James Marsh; "happy-go-lucky", de Mike Leigh (um grande mestre do cinema inglês, direitor de "Vera Drake" e do excelente "Segredos e Mentiras"; "The Wrestler", (esse filme marca a volta ao grande circuito do um ator cult Mickey Rourke, astro de "Nove e Meia Semanas de Amor" e do clássico "Coração Satânico"), de Darren Aronofsky; "Cloverfield"(filme dos produtores do seriado "Lost" e que dá a Nova York o seu tão merecido godzilla - filmado no estilo "Bruxa de Blair") , de Matt Reeves; "Il Divo", de Paolo Sorrentino; "The Good, The Bad, The Weird", de Kim Ji-woon; "Slumdog Millionaire", de Danny Boyle; "Hunger", de Steve McQueen; "The Dark Knight", de Christopher Nolan; "WALL-E", de Andrew Stanton; "Leonera", de Pablo Trapero; "Gomorrah", de Matteo Garrone; "Waltz with Bashir", de Ari Folman; "Hellboy II - The Golden Army", de Guillermo del Toro; e ainda "W", de Oliver Stone;

Mais um cinegrafista de talento

Taí uma prova do ótimo trabalho de outro excelente cinegrafista de Montes Claros, e com o qual tive oportunidade de trabalhar. Henrique Zuba trabalha hoje na equipe da Rede Anhangüera, afiliada Globo, com sede em Goiânia. Não reparem muito no off, mas nas imagens do nosso companheiro. A reportagem saiu no Globo Rural.
Aproveito para lembrar que no texto sobre os Mestres da Imagem, destaquei os melhores e mais experientes, mas temos outros grandes talentos seguindo o mesmo caminho, como Henrique Zuba (TV Anhangüera), Moacir Júnior (ex-Inter TV, )Fábio Santos (Inter tv) e Topogigio (Alterosa-SBT). Parabéns a todos!

Amy Winehouse - Love is a losing game

Uma melodia tocante, com harmonia refinada. Estilo anos 60, mas com roupagem altamente contemporânea.
Uma letra honesta.
E uma cantora afinada, originalíssima, cujo talento passa bem longe da linha de produção das estridentes e chorosas cantoras norte-americanas e do mundo gospel-caça-níqueis. Amy Winehouse, meu amigos, para quem gosta de MÚSICA!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Na fila do banco - cliente ou estorvo?

Quer ser atendido um pouco mais rápido no banco? Não leve celulares nem guarda-chuva. Mulheres, cuidem para que a bolsa quase sempre gigantesca não tenha nada que faça aquela maldita porta giratória impedir a sua entrada.

Ontem fui ao banco, mas não pude esperar o atendimento. A senha que consegui era a 163 e o “placar” eletrônico do descaso gritava ainda a de número 54! Com a lentidão do atendimento só seria atendido umas duas horas depois. Não foi possível esperar.

Voltei hoje (terça, 16 de dezembro). Cheguei meia hora antes da abertura da agência. E constatei que é quase impossível ir ao banco sem se sentir ultrajado. Assim que a porta giratória foi liberada percebi que o meu tão suado oitavo lugar na fila não seria preservado. Tive de botar os dois telefones celulares naquela caixinha transparente. Quando coloquei, perdi posições na largada. Quando me livrei da porta giratória e fui resgatar meus aparelhos, fiquei ainda mais para trás. Já dentro da agência, uma nova fila. Agora para pegar senha. E, claro, depois que se pega a senha é formada automaticamente uma terceira fila. Minha honrosa oitava posição no grid despencou então para um vexatório vigésimo terceiro lugar.

Além de andar para trás nas três filas, o cliente, que é quem sustenta qualquer empresa capitalista – inclusive as do setor financeiro! – enfrenta ainda uma corrida de obstáculos não apenas humilhantes mas ilegais. Lá na fila de entrada, somos fuziladas por olhares nada amistosos dos vigilantes da agência. Nos olham com ar de superioridade. Como aqueles servidores públicos que mantêm a arcaica e equivocada certeza de que estão sempre nos ajudando, e não nos SERVINDO. Aquele ar de eu tenho a força, tenho o controle do portal dos sonhos (a maldita porta giratória). Eu estou aqui dentro, vocês aí fora. Vocês precisam de mim. Ainda do lado de fora, notamos o ar blasé dos funcionários do banco. Parecem loucos para que não paremos no assustador carpete do pedido de empréstimos e renegociações de dívidas.

A porta giratória vai barrando os clientes, a maioria mulheres e idosos que chegam a abrir suas bolsas e carteiras na inútil tentativa de mostrar ao vigilante que não levam nenhum metal além do molho de chaves. E esses vigilantes não são orientados a parar a fila para que cada um que tenha de parar para retirar os objetos que travam a porta possam retomar sua posição par um atendimento justo e respeitoso. Que nada! Não importa se velho ou deficiente físico. Que se virem!

O descaso é tamanho que, na segunda fila – a que se forma para retirar a senha -, uma menina de uns 8 anos de idade ficava apertando ininterruptamente as teclas verde (atendimento comum) e vermelha (atendimento especial). Os clientes, entre eles eu, começaram a se irritar. Eu perguntei onde estava a mãe dela. Daí então ela correu em direção às cadeiras de espera, perto dos caixas. Mas o estrago já estava feito.

Assim que cheguei ao espaço (mínimo) reservado ao atendimento, notei que a criança estava ao lado da mãe, as duas mais normais que eu, ocupando as cadeiras que por lei são para idosos e deficientes. Outras mulheres e marmanjos faziam o mesmo “favor” à cidadania. Espaçosos, no pior sentido que essa palavra pode ter, ao prejudicar seus colegas cidadãos, mas incapazes de se mover para criticar o confuso e ofensivo atendimento bancário.

Apenas dois operadores de caixa para um número de clientes para os quais as poucas cadeiras já não eram suficientes. A menina piorou tanto a situação que a chamada teve de começar no grito, e não no placar eletrônico que funcionava normalmente. O rapaz do caixa chamou o número um, e o primeiro atendido foi o da senha oito! Logo depois, o tal placar passou a se encaixar na contagem deturpada.

A espera em banco é mesmo desrespeitosa. Mesmo quando se há algumas cadeiras. Sempre tem um televisor ligado em TV a cabo ou reproduzindo um DVD. Mas o volume está sempre a quase zero. Só mesmo os funcionários ouvem. Ficamos parados, sempre desviando o olhar para algum canto. A tela eletrônica que apita chamando os clientes torna-se o alvo principal. Gera ansiedade. Passamos a olhar a todo momento para ver se o número que aparece é o que temos no bilhete amarelo. É uma mega sena cujo prêmio acumulado é nada mais nada menos que a simples e pura obrigação de a instituição financeira atender aos seus clientes!

Ah! Mas existem cartões magnéticos. Estamos reclamando sem razão. Claro que não! O cliente paga taxas que incluem o atendimento completo. Não importa se é via internet ou na boca do caixa. E a lei que determina um máximo de 15 minutos de espera por atendimento? Solenemente ignorada. Não compensa nem citar que banco é esse. É o que impera em quase todos. Quase por quê? Porque não conheço todos. Só por isso. Na agência em questão não vi nenhuma daquelas “aeromoças” que circulam ali e acolá, não exatamente para ajudar o cliente, mas para que ele não atrapalhe o trabalho de ninguém no banco.

- Porra, nós somos clientes! De que adiantaria gritar isso? Essa gente mal sabe escrever... A maioria fez cursos técnicos; nada de inclinação para “humanas”. E para piorar, empresas adoram enfiar palestras infundadas com temas ligados ao sucesso e à conquista de lucros baseada no uso do ser humano em seu status de “necessitado de empréstimo”, e ainda são malucos por cursos de MBA! É uma febre. Basta sacrificar os fins-de-semana a cada 15 dias durante um ano e meio e... Dãããã! O cara é um manager, um potencial CEO. Mas porra, e o cliente!? Liga não, é o cara que temos de suportar para a realização do meu sonho globalizado.

Quando vão entender que o ser humano é a mais importante peça de qualquer empresa, de qualquer sistema, de qualquer coisa que a sociedade invente?

Eu até anotei os números do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) e da ouvidoria. Mas aí, meu amigo, é outro artigo... E não é de luxo.

Mestres da imagem

Sempre tive o maior respeito pelos repórteres cinematográficos. Nem o telespectador comum e, infelizmente, nem mesmo estudantes de jornalismo costumam dar o devido valor a esses caras que são os responsáveis pela captação da matéria-prima do telejornalismo.

Se há uma lição que os estudantes de jornalismo não podem deixar de aprender é a importância do trabalho de equipe, sem o qual não se transforma fato em notícia. Na televisão, essa verdade é ainda mais inabalável. E uma das mais importantes peças dessa engrenagem é o profissional da imagem e do som. O repórter cinematográfico.

Não se trata aqui de um acionador de câmeras de filmar; não se trata de "filmador" de casamentos e formaturas. Por trás daqueles créditos de imagens que se vê nas reportagens dos telejornais está o resultado da dedicação de um profissional que tem a função de registrar a história e nos mostrá-la sem maquiagem, sem truques, mas nem por isso, sem sua marca pessoal. E são muitas as habilidades que se exige de um cinegrafista.

A notícia quase nunca tem hora marcada. Ela acontece. Se o cinegrafista não chegou a tempo ou não foi hábil o suficiente, perde-se de vez. O tempo é cruel. Piscou, perdeu. Hesitou, escapou. O flagrante é único.

Não importa se é uma pauta comum, um grande espetáculo, um tiroteio, um sobe-som precioso para reforçar ou provar uma denúncia. É preciso fazer o maior esforço para captar o som com qualidade. Um grande cinegrafista é também meticuloso com o áudio. Mas quando não é de forma alguma possível o capricho na qualidade, diante das condições do flagrante, o fato é o que importa. E ele tem de ter isso em mente. A informação é tudo, basta ter conteúdo, seja naquela entrevista meio distante, mas com frases identificáveis; seja aquela imagem distorcida, trêmula, ou apenas um registro de relance.

Ser repórter cinematográfico é profissão de risco também. Eles acumulam a função de motoristas. Se envolvem em perseguições (em todos os sentidos possíveis: seguindo ambulância, carro de bombeiros, caça a assaltantes, e até sendo alvo da perseguição). Acidentes de percurso nas estradas da informação.

No meio do fogo cruzado: Troca de tiros. E a única arma é a câmera. O único escudo, o tesão pela melhor cobertura. Ameaças: mãos de advogados, políticos, acusados, suspeitos e culpados em denúncias dos mais diversos tipos. A autoridade inflada diante da autoridade imperativa do direito à informação! Um cara-a-cara que costuma definir quem tem ou não jornalismo no sangue. Enxadas, foices, facas e até revólveres em manifestações populares, invasões de terra. E lá está o bravo “câmera” exposto ao risco e ainda com a ponta afiada do dead-line roçando suas costas.

Acionar uma câmera é como ligar um lâmpada numa rua escura: haverá sempre alguém se escondendo, alguém maquiando realidade, e muitos insetos se aglomerando diante da lente. Por isso um bom repórter cinematográfico fica sempre atento não apenas ao que filma, mas ao clima e à situação em torno de si.

Cinegrafista precisa estar em forma. Tem de se embrenhar em busca de espaço nas coletivas, no registro de entrevistas flagrantes com quem não está nem um pouco a fim de falar à imprensa. O repórter cinematográfico tem se aventurar em plantações, lamaçais, rios, florestas, escaladas, cavernas, aviões, helicópteros, etc. Haja disposição e talento para resistir a tudo e ainda manter firme o enquadramento.

É não ter hora certa. É ser chamado no meio da madrugada para registrar acidentes terríveis. É ter estômago em cenas repugnantes e ousadia para encarar criminosos. É peitar tudo em nome da notícia.

Não bastasse tudo isso, cinegrafistas também são também psicólogos, companheiros e professores. Com o troca-troca de jornalistas nas emissoras, quase sempre o cinegrafista sai às ruas com um novo repórter no banco de passageiros. Não raro, um novato. Um profissional que acaba de trocar o canudo pelo microfone. Ou veio de uma emissora mais modesta para uma responsabilidade e nível de cobrança mais fortes numa grande rede. E é o carinha da câmera, o motorista do carro de reportagem, quem vai dar todo o know-how de como se comportar na externa; de tudo um pouco: como fazer perguntas, as manhas com certos entrevistados, postura nas passagens, etc. E até mesmo dicas de texto técnico de reportagem, o amassado da roupa do companheiro e do entrevistado; também ficam de olho o dead-line, no contato com a produção, na gravação do off, etc. Suportam desde xiliques de estrelinhas à falta de tesão para o trabalho por parte de um ou outro repórter. E ainda ajudam a salvar reportagens mal produzidas na redação ou mal conduzidas na externa. Não há boa reportagem sem um casamento entre repórter e cinegrafista!

Imagem não é tudo. Mas na televisão ela é fundamental. Quantos e quantos vt´s não são fechados graças a uma ou uma série de belas imagens? Acionar uma câmera não é uma mera função técnica. Como em qualquer outro ofício, quando se realiza com prazer e técnica apurada se faz mais que trabalho, se produz arte. O repórter cinematográfico fazer arte não apenas em reportagens sobre cultura, mas também em registros de fatos nada artísticos. De um acidente a um crime. De uma fila em hospital a uma passeata pelos direitos humanos. De uma insuportável entrevista com jogador de futebol à comovente lágrima de uma mãe que reencontra o filho. É preciso ter feeling! Emoção, numa perfeita simbiose entre homem e máquina.

Eu tive a sorte e o prazer de ter como colegas excelentes mestres da imagem. Dos melhores de Minas e do Brasil, como já provado em diversos trabalhos que fizeram com jornalistas conhecidos em todo o país. Cada um com seu estilo.
Alexandre Nobre e seu talento pelo factual, hard news. Dono de um humor peculiar, Xandão é rápido e objetivo, sem que isso resulte em alto estresse ou queda de qualidade. Geraldo Humberto gosta de grandes reportagens, gravações de programas em externas. Também tem sorte e coragem com flagrantes e factuais. Marcelo Pimenta é um apaixonado pelo capricho com a imagem e se preocupa muito com o resultado final do seu trabalho, ou seja, a reportagem pronta. Todos eles têm sempre muito a contribuir, e cobram um bom resultado de seus parceiros repórteres. São de uma safra de profissionais que costumam exigir mais da empresa bons equipamentos e melhores condições de trabalho do que aumento salarial. E olha que, pelo que fazem e já fizeram pela história do jornalismo regional e mineiro, o que ganham chega a ser uma ofensa.

São capazes de fechar reportagens sozinhos. Se necessário, filmam, gravam (câmera numa mão e microfone na outra), apuram todas as informações na externa e, não raro, trazem sugestão de texto a tempo do fechamento do jornal.

Esses heróis da informação nem sequer são lembrados em palestras e seminários sobre comunicação. As estrelas sempre têm de ser alguém de fora, um repórter famoso... Cinegrafistas têm muito a contar. Muito a ensinar. Muitos deles mal concluíram o segundo grau, mas como poucos são verdadeiros jornalistas!

Esta é a imagem que fica.

E fica aqui o meu agradecimento.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

MARISA MONTE E JULIETA VENEGAS

Vale a pena ver e ouvir. Marisa Monte ao vivo na gravação do DVD da cantora mexicana Julieta Venegas. Boa música e a voz de pétala de Marisa. Se você tem arranhado seu tímpanos com axé, cure-os com Illusión.

O QUARTO QUERER

Não é certo que a imprensa se julgue o quarto poder, e se deite na cama dos outros três poderes; ou pior, servindo de tapete aos demais. A imprensa é sim um poder, mas não esse que se apresenta como um câncer em cidades como Montes Claros.

Vivemos um tempo propício para se discutir imprensa, jornalismo, comunicação, ética. E discutir sempre é uma coisa boa. Eu relutei muito em escrever esse artigo porque imaginei que pensariam mal de mim; que não entenderiam o meu verdadeiro propósito, especialmente os que não sabem quem eu sou nem como trabalho. Mas mesmo que pensem o que quiserem não vou deixar de expressar os pensamentos que não são apenas meus, mas de muitos dos meus colegas de profissão, de professores e, claro, dos principais interessados na cadeia de comunicação.

Se a gente, que trabalha na imprensa (pelo menos no momento estou trabalhando), comenta tanto o trabalho dos colegas, a atitude dos chefes e patrões e sobre a reação do público, por que estamos parados, sem mover uma palha para mudar tudo isso? Se temos patrões que não são jornalistas e que, não raro, agem como se não tivessem sequer a mínima noção da missão da imprensa e do trabalho de um jornalista, porque ainda trabalhamos para eles? Por que se, além de trabalhar em empresas cuja roupagem é de imprensa mas cujo negócio passa bem distante da informação, nos subordinamos a salários ofensivos e nos curvamos a gritos, histerias desrespeitosas e ainda a “correções” de gramática, formato e conteúdo da notícia por parte de revisores nem sempre preparados (quanto a texto, técnica e ética) para a tarefa. Não trato aqui de diploma ou experiência. Mas que tem muita gente que confunde vivência com experiência, tem! Você pode viver num barco e não saber nada sobre o mar. Vivência. Experiência mesmo é evoluir com o tempo. É aprender com a longa prática.

Mas então como vamos mudar a cabeça dos nossos patrões para que enxerguem que o produto deles (seja jornal, telejornal, jornais de rádio, etc) não vende, não tem público, não é respeitado se não erguemos nosso próprio queixo quando somos destratados, humilhados ou temos nosso ofício esfaqueado pela insensatez de um dirigente da nossa empresa? Como também pedir respeito aos nossos patrões se muitas vezes não nos damos ao respeito? A cabeça de muitos desses patrões funciona assim: imprensa é para atrair dinheiro do poder público quando e só se consegue isso estampando manchetes chapa-branca; imprensa é para perseguir a quem não anuncia, a quem nos negou um favor pessoal, ao adversário político, ao concorrente do nosso anunciante... E por aí vai. Já sabemos que a coisa funciona assim em muitas empresas. Esses patrões não são jornalistas, mas se nós somos, com ou sem diploma, temos de mostrar a eles que estão agindo contra eles mesmos. Quem depende de uma única fonte – quase sempre do poder público ou de grupo político – vira refém. Quem publica notícia de verdade, de interesse social, de cidadania, de prestação de serviço ao leitor-cidadão, conquista anunciantes profissionais, anunciantes de verdade. E quem tem anunciantes de verdade não precisa nunca vender a alma (não a deles, mas a do leitor desavisado) ao diabo. Não é correto, não é ético, não é justo enganar o leitor/telespectador/ouvinte. O cara paga pelo nosso trabalho e, mais que isso, acredita no que escrevemos. Como é possível que o profissional que tenha vergonha cara durma tranqüilo depois de ser “obrigado” a produzir textos opinativos e altamente tendenciosos (ser sutil não é característica comum em nossa imprensa) em reportagens que nada têm de informação útil; depois de receber ordens para cortar ou incluir nomes, dados e fatos seguindo critérios não técnicos, mas pessoais ou políticos; depois de produzir notícias cujos meios de produção não passaram por apuração própria e nem sequer teve qualquer discussão de teor, peso ou objetivo.

É fácil falar quando não se leva em conta que, muitas vezes, não se tem dinheiro para pagar as contas de casa. E aí ter de completar a renda com servicinhos de assessoria que entram em choque com a ética profissional quando se misturam à missão de informar em um noticiário que o cidadão acredita ser isento. É fácil falar sim, e eu bem sei que não é nada fácil encarar os efeitos de se negar tudo isso. Não sou nem quero ser exemplo para ninguém, mas é muito triste que nós, veteranos da imprensa deixemos de herança um latifúndio de vacas magras que sejam obrigadas a mastigar capim seco e ainda tenham que se inflar diante dos flashes para sair bem na foto e sustentar nas patas trêmulas uma legenda doentia do tipo: “jornalista destaque de 2008”. Chega de colunas gratuitas. Chega de notícias ctrl+c/ctrl+v. Chega de releases na íntegra. É fácil encher página, quando não se importa com o conteúdo e não se respeita o leitor. Eles têm de contratar para lotar as páginas com NOTÍCIA!

Vamos ser francos. Nós não sabemos escrever. Não vivenciamos esse cuidado com o texto em nossa rotina asfixiada por redações enxutas e pela falta de estrutura. Mal dá tempo. Além de texto, faltam discussões (não se faz jornalismo sozinho. Não se faz jornalismo sem ter em mente o senso de equipe. Não podemos nos rebaixar ao datenismo). E dá-lhe falta de texto técnico, de informação, de coesão, de raciocínio... Dá-lhe falta de pauta! Falta de bagagem cultural pessoal! Texto não é o nosso patrão quem vai nos dar. Bagagem cultural, muito menos. Quem não lê, não escreve. Quem não escreve não sabe se expressar. Quem não se comunica... Vamos cuidar do nosso crescimento profissional. Isso ajuda na hora de negociar passo a passo a mudança de mentalidade da imprensa local. Quem sabe conseguimos tirá-la da idade média. Do tempo dos rábulas para a era do respeito aos direitos humanos e da informação.

Vocês já notaram que as redações são geralmente o pior cômodo das empresas de comunicação da nossa cidade? É cara de depósito, ex-banheiro... Falta telefone. Falta crédito para telefone. O papel é motivo de pedidos humilhantes. Nunca tem fita o bastante. O transporte, quando tem, não é adequado. Microfones estão sempre com algum problema. Falta estrutura. E, no entanto, somos vistos como um peso pelos administradores. Jornalismo gasta demais e não traz nada para a empresa! Essa gente não entende que o bem que o bom jornalismo traz não tem preço, não tem valor. É a credibilidade. E quem diz “dane-se a credibilidade” só pode ser asno. Vira testemunha do descrédito do seu veículo de comunicação. A mãe, o amigo, a mulher, podem viver aplaudindo as fotos ou reportagens de parentes e amigos, mas a população NÃO ACREDITA no que lê. E em mídia, quem dá as costas à opinião pública e ouve só o espelho, assina a morte da credibilidade. E aí passa a viver da “monocultura anunciante”. Afinal o que mais querem se as reportagens estamparem as vacas infladas, mesmo que estejam agonizantes?

O que não pode, meus colegas, é o profissional que tem boa índole participar disso tudo. Por mais gente boa que seja ou que pareçamos ser, é preciso batalhar pelos ideais de nossa profissão porque ela já agoniza há um bom tempo. Só não é justo que sejamos enterrados com ela. Deixem a vala aberta apenas para quem não reconhece o jornalismo também como missão.
Aos que não sabem onde trabalho agora, sou editor do Jornal Geraes, na TV Geraes. Ao propor a minha volta ao jornal, a direção da emissora deu garantias de que o jornalismo tem independência e liberdade de expressão. Acredito e aceitei. É o que devemos fazer, ainda que o patrão ofereça salário longe do ideal, mas respeitando o piso definido pelo sindicato, devemos nos valorizar e exigir respeito ao ofício, aliás, como deve fazer qualquer outro profissional.

Se prometem e não respeitam os preceitos da nossa profissão, exija novamente. Se insistem, peça demissão. Há vida profissional e que possa ser conduzida com ética longe das redações e estúdios. O jornalista com pós-graduação pode ser professor em faculdades; pode ser assessor com atitude inovadora; pode criar site e batalhar sua sobrevivência com humildade e independência. E se não for formado, que procure onde o aceitem sem diploma mas com respeito ao seu ofício. Não podemos deixar ninguém mandar na notícia. A notícia não tem dono. Vamos fazer um jornalismo de fatos e não de nomes.

Um jornalismo bem escrito. Informações bem apuradas e textos realmente revisados. Um jornalismo que não se contente com a primeira palavra, a primeira frase, a primeira versão. Jornalistas que leiam, ouçam e realmente perguntem e cuidem com zelo do resultado final. Um jornalismo que não pergunte odiando, que não pergunte puxando saco: que as perguntas sejam bem formuladas, objetivas, respeitosas, mas também questionadoras.
Um jornalismo que respeite os direitos humanos. Que não tema, mas sim respeite as autoridades.

Um jornalismo que não permita que o direito do cidadão à informação não seja cerceado por qualquer tipo de interesse. Uma imprensa que não vete nomes de adversários, inimigos e não anunciantes. Uma imprensa que não favoreça amigos, colegas nem anunciantes. Uma imprensa de notícias. De informação.

O que proponho é que nós jornalistas não entreguemos as ferramentas básicas do nosso ofício – ao qual devemos e juramos usar em benefício da cidadania – às sedutoras e muitas vezes burras mãos de quem nada tem a ver com a missão da imprensa e está se lixando para o verdadeiro interesse público.

Vamos nos encontrar, vamos discutir. Patrões e empregados. Não adianta perdermos parte de nossas vidas resmungando sobre a atitude de nossos patrões se nós mesmos estamos contribuindo para que essa forma de fuzilar a imprensa se perpetue. Vamos repensar a imprensa local acima de salários e interesses pessoais. Vamos parar de registrar de modo tão vergonhoso e deturpado a história dessa terra, dessa gente. Vamos assumir uma mudança histórica, e aí sim fazer parte dela aceitando com humildade o fato de que dela não somos donos nem protagonistas nem manipuladores. A história acontece.
Para que sejamos e exerçamos o verdadeiro poder da imprensa, precisamos querer.
Pense bem.
Você quer?

terça-feira, novembro 11, 2008

Mais um dos meus poemas

MEA GENESIS

Eu vim
Não sei por onde
Um cano uma torneira
Uma raiz uma touceira

Eu cheguei
Não sei bem como
Um parto uma dor
Pop up no computador

Estou aqui
Sem barro nem fé
Um Darwin qualquer

Um ser sem começo
Passageiro do inesperado

Sujeito multidão num verso solitário

Tímido honesto
Não importa o quanto
Nem o sofrimento
na glicerina do santo

Eu vim
Sabe-se lá...
Se num zap sem controle
Num clarão obscuro
Numa prece do aiatolá
Num golpe baixo de Bush

Estou aqui
Sala de portas abertas
Bumerangue contra-vento
Pulmão anti-oxigênio
Palavras incertas

Nunca um zumbi de procissões
Apenas um segundo do novo milênio

Meu começo existe
mas não há!
Meu fim é desmarcado
indefinido

Sou uma noite eterna
um livro a ser escrito.
O vento esta manhã...
Uma sombra ali no chão...
Eu nem mesmo existo!

A morte de Miriam Makeba

O mundo perdeu nesta segunda-feira a voz e a coragem da cantora sul-africana Miriam Makeba. Eternizada pelo sucesso "Pata pata" - a cantora brasileira Daúde fez uma versão: "se a cantiga já te pega, dance Pata pata").
Miriam Makeba encarou o regime racista (o Apartheid) imposto pelos governantes brancos descendentes de invasores da África do Sul nos anos 1960. Foi obrigada a sair do país. Reverenciada por músicos de todo o mundo, não apenas pelo engajamento político em defesa da liberdade de sua gente mas também pelo talento vocal, a cantora conseguiu envolver cada vez mais arte e luta humanitária. Um exemplo seguido por muitos dos maiores nomes da música no continente africano e em outras partes do planeta (Stevie Wonder, Harry Belafonte, Gilberto Gil, Bob Marley, Tracy Chapman e tantos outros).
Zenzile Miriam Makeba, de 75 anos, passou mal depois de cantar Pata pata num show perto de Nápoles, na Itália.
Confira este vídeo no YouTube, um registro histórico com Miriam Makeba cantando Chove Chuva, de Jorge Benjor: http://www.youtube.com/watch?v=GemqUlXe1Jw

Um pOema

INTEIRAMENTE

Vou te contar
Não sei
Vou te ouvir
Não calei

Vou te levar
Sem onde
Vou te encontrar
Sem quando

Quero te ver
Ontem
Quero te ter
Sempre

Quero te seguir
Sem como
Quero te trazer
Sem meios

Te amo
Vou te contar
Te amo

Te amo
Vou te dizer
Te amo

Te amo rosa
Coração em pétalas
Te amo lua
Olhos minguantes
Te amo poesia
Sorriso em versos

Te amo
Vou gritar então
Te amo

Te amo
Vou desenhar então
Te amo

Te amo
Vou chorar então
Sem medo

Te amo
De sorrir sem freios

Te amo
Um amor de chuva fina
e trovões raivosos

Um amor
Sem tempo
Um amor
de tempos

Te amo
Um amor sem termos

Te amo
Um amor de arte

E mais que toda parte
Te amo
inteiramente

segunda-feira, novembro 10, 2008

mOcTube

MocTube.
Bom, esse nome é uma brincadeira com a cidade que amo e faz duas claríssimas referências ao mundo da mídia. Ou melhor, aos mundos da mídia.
Maktub, palavra árabe popularizada no Brasil por Paulo Coelho e amada por esotéricos e gente que ainda acredita que um planeta bem humorado pode trazer seu ex-namorado de volta. Assim está escrito. Escrita. Texto. Pensei em brincar com a palavra. O blog seria batizado de teXtemunho. Gostei, mas queria algo mais pop. Preciso atrair internautas. Serei hipócrita se não admitir isso. Caso contrário, estaria digitando apenas no word. A gente quer world!
A gente quer sempre ser ouvido. Por que outro motivo o som está sempre no volume máximo? Queremos ser vistos. Por que então tantos querem cantar pneus na Sanitária? Queremos que saibam de nós. Ainda que por meio de nossas obras (arte) ou por qualquer outra forma de expressão. Muitos partem até para o crime!
A outra referência, também escancarada, é o YouTube. O maior e mais visitado arquivo de imagens da internet. O baú aberto dos registros da vida neste planeta. Uma enciclopédia que exibe o passado e o presente imediato, com todas as suas belezas e imperfeições. Talvez o maior cruzamento de mídia já criado. Mutante. Pulsante. Repulsivo. Intrigante. Maravilhoso. Enfim, o sempre surpreendente mosaico mundano.
A cara das nossas caras.
E é aqui nesse cantinho de um reles sistema "blogar" perdido nesse universo que é a internet que pretendo mostrar um pouco da minha cara. Um pouco do que penso - minhas opiniões. Um pouco do que escrevo - meus versos e crônicas. Meus desgostos e meus gostos (música, cinema, esporte, animais - inclusive os humanos).