sexta-feira, abril 09, 2010

Vôlei, jornalismo e política - polêmica poliesportiva

.
Como todos puderam ler abaixo o artigo de Waldo Ferreira, editor do jornal Daqui, ele não concordou com algumas de minhas posições expostas no artigo sobre o vôlei. Em resposta rápida via email, expliquei que meu texto se apóia especificamente no esporte.
Agora, depois de devidamente ter dado a ele o espaço para que também se expresse, vou esclarecer e comentar alguns pontos.

Bom, primeiro agradeço a Waldo os elogios à minha carreira. E sei, sem falsa modéstia, que não são gratuitos, já que nunca tive qualquer tipo de relação sequer digna de suspeita com qualquer grupo político. Muito ao contrário, sempre evitei maiores contatos e até mesmo propostas de assessoria; até mesmo quando estive desempregado. Óbvio que não há nada de errado em trabalhar como assessor. Desde que exercido com postura ética, todo e qualquer trabalho é digno e louvável.

Mas preciso deixar claro que, quando cito comentários levianos, me refiro a gente do meio do esporte ou aqueles que vivem resmungando e transferindo para o sucesso de outros o peso da própria frustração. Eu não sabia, como ainda não sei exatamente, da existência de denúncias de irregularidades ligadas ao apoio da prefeitura de Montes Claros à equipe de vôlei.

Também não vou aqui "defender" a parceria da Funadem com a Prefeitura. Primeiro por que não é meu trabalho, e segundo porque não tenho informações suficientes nem mesmo para tomar qualquer posição sobre o assunto, já que não tenho conhecimento das supostas irregularidades.

Não vejo também, meu caro Waldo- embora sabendo do respeito que você diz ter por mim e do peso extra que a palavra é capaz de ganhar -, necessidade para o tom de alguns de seus comentários sobre o meu texto. Por exemplo, não vejo erro ou crime em se ter apoio da "massa festiva, ávida por pão e circo", já que promover grandes eventos virou mania em todos os municípios do país. É micareta quase todo mês em todo lugar, até mesmo em cidadezinhas que não têm retorno de ICMS suficiente nem mesmo para pagar as próprias despesas. Onde há irregularidade que se denuncie, que seja acionado o Ministério Público, como você nos informou, e nos resta torcer para que haja punição aos responsáveis. A expressão "massa festiva..." pareceu meio preconceituosa. Eu que detesto axé music que tenho que admitir que é triste ver tanta verba pública aplicada nessas micaretas, uma prática repetida há muitos anos também em Montes Claros, por vários prefeitos. Mas temos de admitir que lazer está entre as necessidades da população. Sinto falta de música, mas isso é outro assunto. Se a maioria dos cidadãos gosta tanto de axé, dá-lhe axé. Mas concordo com você que projetos de lazer, bem como até mesmo serviços essenciais, podem - na maioria das vezes são- ser usados também para obtenção de votos.

Quando citei sobre o orgulho desta cidade, não me referia à administração Luiz Tadeu Leite. Montes Claros está acima disso para mim. Quem convive comigo sabe bem o quanto critico a situação do município inteiro, e também quanto amo esse lugar. Luiz Tadeu Leite foi prefeito outras vezes e testemunhei muitas de suas ações como administrador público. A cidade ficou o ano passado quase toda parada. Quem acompanha o Jornal Geraes, do qual sou editor, sabe bem o sofrimento de quem precisou de assistência médica; os cortes de pessoal no serviço público - atitude que apóio, desde que bem planejada - resultaram no desmonte de equipes como a centro de controle de zoonoses, que aparentemente chegou perder o controle do combate aos focos do aedes aegypti. Os índices dispararam, como foi noticiado pela imprensa. A Olibamoc, anunciada no segundo semestre do ano passado, murchou. Outros esportes esperam um apoio tão forte quanto o dado ao vôlei. As trapalhadas na implantação do sistema de integração do transporte coletivo. Enfim, há uma série de outros pontos a se criticar na atual administração. Mas não era disso que eu estava falando no texto.

Eu não quero aqui entrar em polêmica quanto à relação jornalismo e política, mas você não pode e nem deve esperar de mim um posicionamento igual ao seu. Você trabalhou na assessoria da administração Athos, derrotada nas últimas eleições municipais; você é editor de um jornal que investe de forma panfletária contra a atual administração e até de forma ofensiva ao prefeito Luiz Tadeu Leite. Visitei o site do jornal Daqui e, ainda que venham a ser comprovadas as acusações e denúncias que ele estampa, sou terminantemente contra esse estilo de jornalismo. Até mesmo, Waldo, porque ele fere a si próprio.

Cidadão comum, despido de posturas anti-Athos e anti-Tadeu, pode não dar crédito às denúncias, justamente pela forma sensacionalista com que elas estão expostas. Eu até entendo que seja um tipo de trabalho de marketing direcionado ao que você chama de "massa ávida por pão e circo", e se for assim, vocês podem estar cometendo o mesmo tipo de pecado de quem tanto criticam. Pior ainda, derruba o valor do trabalho de apuração que você e sua equipe tiveram para produzir as reportagens e levantar denúncias que, volto a repetir, espero sinceramente sejam rigorosamente investigadas.

Olha só o que você disse: "Não se resume às alegações que você aprendeu e repete tão bem. Na situação idealizada por você para versar sobre o Montes Claros/Funadem, o prefeito Tadeu foi “convencido” a encampar o projeto. Então, tá."

Aqui te respondo como ex-colega de trabalho, presumo que se refira ao modo como falo sobre o vôlei. Por isso, quanto às tais alegações, eu não aprendi com ninguém e conseqüentemente não as repito. Eu não fecho com grupos. Aprendi a pensar sozinho desde cedo. Claro que isso pode me levar a atos de ingenuidade, mas não gosto muito da idéia de seguir grupos. A minha opinião naquele texto é a de um cidadão/jornalista que viveu toda uma época, e de certa forma ainda vivo, no meio esportivo. Pode ser difícil de entender, se não se ama o esporte. Políticos, de maneira geral, não levam o esporte a sério. Foi assim em todas, repito TODAS, as administrações municipais que acompanhei em Montes Claros.

Para terminar, deixo claro que mantenho meu apreço por você, não pelos elogios, mas por acreditar que se trata de uma pessoa inteligente. E isso é importante porque você vai saber entender que nossa batalha, mesmo travada em campos distantes, (desde que tenha como única finalidade a luta pela cidadania e por uma cidade melhor em todos os sentidos) é a mesma. E sendo assim, estaríamos ambos na mesma jogada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ricardo, Parabens pelas belas palavras... Concordo com você se existe irregularidades devem ser denunciadas, mas apenas denunciar estampar em seu jornal, denegrir a imagem de pessoas que não tem nada a ver com situação, isso sim, é injusto... O Daqui fez diversas denuncias, comprometeu a imagem de diversas pessoas e todas não passaram de politicagem, o Ministerio Publico investigou e não encontrou irregularidades, o Daqui se calou. Se fossem pessoas honestas deveriam vim a publico e pedir desculpas as pessoas e envolveram. Honestidade e etica estão acima de grupos politicos, e essas pessoas do Daqui não tem.....