terça-feira, abril 06, 2010

VÔLEI - polêmicas e legados

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A classificação do Bonsucesso/Funadem para as quartas-de-final da Superliga Nacional de Vôlei tem um sabor especial para quem torce pelo esporte em Montes Claros. Os caras são legais, atletas de alto nível, mas mais que isso: mesmo não sendo montes-clarenses, fizeram parte da população voltar a ter orgulho da cidade que a gente tanto ama.

Assisti à maioria dos jogos disputados no ginásio Tancredo Neves, mas talvez não como o grande público que lota a arquibancada. Fico meio bobão. Olhar atento ao jogo, como um analista esportivo, e pensamento longe... Para dentro de mim. Ex-"atleta" de Jogos do Interior, tinha meus ídolos no esporte nacional, como Hortência, Paula, Bernard, Oscar Schmidt, Marcel, Piquet, etc.

Mas tinha também ídolos locais. Sim, o vôlei local já produziu nomes de destaque como Montalban (ex-Minas), Johnson Caires (ex-Sadia, uma das pioneiras no apoio ao vôlei), e Charlão (ex-Palmeiras). Esses caras fizeram história e ajudaram a despertar aqui a paixão que se espalhava por todo o país com a chamada geração de prata do vôlei. Sim, a cidade já viveu uma febre de vôlei, com a Copa Deusdará, que tinha rivais tradicionais como as equipes do Montes Claros Tênis Clube e o Canarinho, do bairro Morrinhos. Rolava sempre bate-boca e até brigas nos jogos decisivos. A torcida vibrava. Os atletas passavam o ano todo à espera da Copa e dos Jogos do Interior.

Essa geração "Deusdará", sem dúvidas, parece ter ficado encubada no coração dos amantes do esporte em Montes Claros. Basta prestar atenção ao público com maior cuidado, e a gente descobre aqui e ali um Mazinho (nosso mestre veterano, professor de educação física, e sempre atuante na coordenação das equipes dos Jimi), craques como Rednilson (atacante que parecia voar na quadra), Dedéi (levantador titular no Canarinho e em muitas edições dos Jimi), e muitos outros grandes nomes do nosso esporte (do vôlei, tênis de mesa, handebol, basquete, futsal); uma turma que está sempre no ginásio torcendo pelo bom sucesso do Funadem.

Muitos dizem: Putz! Mas esse time não é de Moc. Como não é? Ele foi formado aqui, meus amigos. Em nenhum lugar do mundo (e o futebol é prova disso), equipes de alto nível têm apenas atletas da cidade que representam. Claro que gostaríamos de ver Charlão, Rednilson, Johnson, Dedéi e todos no time. Mas uns já passaram da idade. Outros não tem altura e outras exigências que o façam competitivo. Estaríamos de ginásio vazio, sem patrocínio, e sem sequer vaga na segunda divisão da Superliga.

O caminho para formação de novas gerações é mesmo lento. Vamos ter paciência. Vítor, que é jogador de alto nível e um dos responsáveis pela montagem da equipe, é da cidade, e sabe bem disso. O que me surpreende foi ver que conseguiram convencer Tadeu Leite a apoiar a equipe. Justo ele, que ajudou a expandir as fronteiras do esporte para a periferia com as olimpíadas de bairros, em seu primeiro mandato, mas não deu estrutura ao esporte. Já deixou de malas nas mãos, feito palhaços, atletas que pediram licença do trabalho para defender a cidade nos Jogos do Interior. E ainda assim, vi muitos deles, como as turmas do handebol (Francis e cia.) e do tênis de mesa (eu, Randall, Rodrigo, Rílston) saírem correndo já naquela noite para encontrar um meio de representar Montes Claros na competição.

Acredito que Tadeu Leite tenha sim, se rendido ao projeto como meio de divulgar a cidade nacionalmente. Mas não gosto quando fazem comentários levianos sobre a verba que o time de vôlei recebe. Há um projeto ali. E parece ser mesmo sério. A Confederação Brasileira de Vôlei e sua organização são modelos para o mundo. A CBV Não cairia numa farsa.

A equipe é realidade, e já se classificou entre as três melhores da primeira fase da Superliga, que é hoje uma das três mais importantes competições nacionais de vôlei. O nível é altíssimo. Estrelas como Fabrício "Lorena" Dias e Rodriguinho não viriam aqui, nessa terra tão quente, para entrar numa fria. Marcelo Mendez (argentino que comandou a seleção da Espanha nas Olimpíadas de Pequim) e Talmo de Oliveira (campeão olímpico em Barcelona´92 - é pouco?) não arriscariam seus nomes, suas carreiras em uma aventura leviana.

Claro que times de vôlei e basquete ainda sofrem com falta de patrocínio. Mas quem peita uma Superliga já no primeiro ano de nascimento, tem que ter nos bastidores uma grande equipe para ações de marketing e captação de recursos. Se conseguiram convencer um prefeito em Montes Claros, já dou nota dez para essa turma. O legado do Bonsucesso/Funadem não está apenas no placar ou no ginásio lotados. A coisa toda gera empregos diretos e indiretos. Cria oportunidades de estágio. Para a imprensa, a oportunidade cobrir grandes eventos. De receber em Montes Claros aparatos para transmissão nacional, ao vivo. Na assessoria, lições de competência, organização e profissionalismo que deveriam ser seguidas por muitos de nossos companheiros.

Voltando à questão da formação, as escolinhas do projeto Viva-vôlei já são realidade em Montes Claros e várias outras cidades brasileiras. São crias da CBV, mas em parceria com os municípios. Essa é a grande sacada! Botar a meninada no mundo do esporte, para evitar que caiam na rede da violência e que não deixem de marcar pontos na escola.

Já vi muita gente falar mal do vôlei. Até mesmo gente do meio esportivo. Não cai bem.
Ficar desdenhando de um esporte em favor de outro. Que os demais "cartolas" façam e apresentem PROJETOS, em vez de ficarem esperando que chova patrocinadores.
Atleta quer jogar, empresa quer vender. Chorar inveja ou insistir na cachaça da preguiça não faz a bola rolar, não! Procurem se informar sobre elaboração de projetos e assumam a luta. Chega de pedir trocados e não apresentar notas fiscais. É preciso planejar muito, pedir muito, e prestar contas. Fazer uma grande jogada!

Para os céticos, eu peço que esperem. Que dêem tempo ao tempo.
O jogo está apenas começando.
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3 comentários:

Unknown disse...

Amigo Rick

Parabéns pelo texto!
Você sabe que estou há algum tempo distante de Montes Claros (terra dos meus filhos) mas fico orgulhoso de ver uma equipe forte valorizando o nome desta cidade que amo.

um grande abraço

Álvaro Borges

Randal Nogueira disse...

Fiz parte desse time, Charlão, Rednilson, Johnson, Marquinhos, Rui, Halysson, Gerinha (levantador).. e Miguelao como tecnico fomos campeoes do Jimi por Moc em Tres Coracoes.. Inesquecivel... tenho muita honra de ter feito parte desse time , das nossas viajens pra varias partes de Minas e de ter aprendido muito como todos eles..

Randal Nogueira disse...

e tambem gostaria de dizer a honra de poder ter representando Montes Claros e todos so lugares que jogamos.. obrigado a todos e forte abraco.